Defensoria Pública do Rio diz que PM do estado apagou e manipulou imagens de câmeras corporais
Em relatório protocolado no STF, órgão também alega que solicitações de acesso às imagens foram ignoradas
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Protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF) na última 5ª feira (24.ago), um levantamento feito pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPERJ) revela que a Polícia Militar do estado apagou e manipulou imagens de câmeras corporais, implantadas em maio deste ano.
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Em junho, o ministro do STF Edson Fachin decidiu que a corporação compartilhasse imediatamente imagens de operações que resultassem em mortos ou nas quais o "uso da força" fosse empregado. Com base nesta determinação, a Defensoria informou no relatório que, entre abril e julho deste ano, fez 90 pedidos de acesso às imagens feitas pelas câmeras corporais e viaturas. A PM, no entanto, respondeu apenas oito.
De acordo com a DPERJ, dessas oito respostas, três eram de links sem qualquer imagem e quatro continham gravações manipuladas. Os links sem imagens foram apagados.
O órgão aponta que, em um dos casos de manipulação, a câmera foi direcionada para o rosto do policial. Além disso, a lente foi encoberta, dificultando a visualização da imagem, que ficou totalmente escura por 46 segundos. Quando a lente foi descoberta, o vídeo mostra os alvos da abordagem já algemados e levados para a viatura da polícia.
A Defensoria aponta outro caso de manipulação. Dessa vez o vídeo fica totalmente escuro por uma hora, apenas com um áudio de fundo. Segundo o órgão, a gravação indica que a câmera corporal foi deixada dentro da viatura.
O que diz a Polícia Militar do Rio
Ao SBT News, a PM do Rio de Janeiro alegou que as imagens são armazenadas por um período de 60 dias, conforme decreto estadual, e que existe "limitação da nuvem", onde é realizado o armazenamento das gravações. Segundo a PMERJ, boa parte das solicitações de material por parte dos órgãos ocorre após esse período, "quando o conteúdo já foi legalmente descartado", declarou.
A Polícia Militar diz que já está em contato com a empresa fornecedora das câmeras, a fim de melhorar as questões relacionadas ao armazenamento das imagens e a qualidade do material reproduzido pelo equipamento.
Em relação ao mau uso dos dispositivos, a PMERJ informou que a Corregedoria da Polícia Militar fiscaliza diariamente a utilização das câmeras corporais por parte da tropa. Caso seja constatado uso indevido do equipamento, o agente pode se investigado, podendo ser punido.