Homeopatia é apenas placebo? Entenda a polêmica sobre o tema
Em livro lançado recentemente, a microbiologista Natália Pasternark trata a prática como pseudociência

Fernanda Trigueiro
A homeopatia está no centro de uma polêmica. O lançamento de um livro aqui no Brasil coloca em xeque a eficácia do tratamento. Enquanto no Brasil é disponibilizada pelo SUS, países como Austrália, Reino Unido e França baniram a prática das redes públicas de saúde.
A terapeuta holística Vanessa Montenegro usou a homeopatia como aliada para emagrecer: "foi para ansiedade, foi para controlar a compulsão. Eu também usei a homeopatia para gastrite, eu tomava essas bolinhas".
Ela nunca questionou a eficácia do tratamento, e também usa com a filha, que tem crises de amidalite: "ela já fala assim para mim, mamãe a garganta começou a pegar, neste momento eu já entro com a homeopatia, não preciso esperar evoluir o quadro".
Por outro lado, em um livro publicado no começo do mês, a microbiologista Natália Pasternark trata como pseudociência práticas como a homeopatia, a psicanálise e a acupuntura. Para ela, o método não passa de placebo - termo técnico usado para situações em que a mente cura o corpo.
"Existem diversos estudos científicos de testes clínicos controlados. Eles comparam um preparado homeopático, com uma substância inerte, que é um placebo, uma pílula de mentira, de farinha, de açúcar, e essa comparação é que mostra que a homeopatia não consegue funcionar para além de um placebo. É muito fácil a gente se enganar e a gente atribuir causa e efeito em situações em que não tem essa relação de causa e efeito", diz Natália.
Para Marcelo Yamshita, professor de física da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e fundador do instituto em que Natália Pasternak atua, o tratamento só funciona quando algumas doenças se curam sozinhas: "algumas alergias se curam espontaneamente conforme você vai crescendo, e se você usar a homeopatia junto, você atribui a cura. A questão de financiamento no SUS de uma terapia que se mostra ineficaz é desperdício de dinheiro público, é financiar superstição, digamos usar o dinheiro pra financiar a religião".
A homeopatia é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980. Em 2006, a prática foi incorporada ao SUS e passou a ser oferecida para a população como um serviço completar à medicina convencional para prevenir e tratar doenças.
Um balanço do Ministério da Saúde mostra que nos últimos cinco anos foram realizados quase 130 mil atendimentos homeopáticos pela rede pública. O método surgiu há mais de 200 anos, na Alemanha, e rapidamente se popularizou em todo o mundo, com o fundamento de encontrar o equilíbrio do organismo.
O médico Rodrigo Mello, especialista em homeopatia e professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro rebate as críticas: "é muito comum quando as pessoas buscam a homeopatia elas já terem buscado tratamentos na medicina convencional e não terem resultado. A homeopatia sempre foi amplamente aceita, sempre trouxe benefícios inquestionáveis e com a vantagem de ser um tratamento que não tem efeitos colaterais. Os medicamentos atuam muitas vezes em níveis de expressão genética".