Governo de Santa Catarina pede avaliação de "capacidade moral" de PM trans
Integrante da corporação há mais de 20 anos, major diz estar sendo vítima de preconceito
Stefanie Damasio
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, determinou a constituição de um conselho de militares para avaliar a "capacidade moral e profissional" de uma major da Polícia Militar, que se declara transexual.
Lumen Muller Lohn, primeira oficial trans da PM do estado, está sendo investigada pela corporação por suposto comportamento inadequado. A major diz que desconhece qualquer conduta que justifique a abertura do procedimento.
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"Não existe uma conduta específica. A capacidade moral, ela é bastante subjetiva, e eu realmente não consigo imaginar o que está sendo discutido agora", argumenta a major.
A oficial integra a Polícia Militar de Santa Catarina desde 1998, e começou o processo de transição de gênero em setembro do ano passado. Ela atua hoje como chefe da Secretaria e Divisão Administrativa na Diretoria de Saúde e Promoção Social.
De acordo com o ato publicado na última 2ª feira, três tenentes-coronéis serão responsáveis pela avaliação da profissional. Apesar da questão de gênero não estar explícita no processo, a policial acredita que esteja sendo vítima de preconceito.
"A questão do preconceito, para mim, é bastante clara, né, na instauração do processo. O processo foi instaurado em novembro, eu iniciei a transição em setembro. O vínculo temporal é muito claro para mim", observa Lumen.
A Polícia Militar de Santa Catarina alega que o procedimento foi aberto em dezembro de 2022, e que só foi comunicada da transição de gênero em 23 de janeiro de 2023, depois da abertura do conselho de justificação. O processo tramita em sigilo e o prazo para conclusão é de 30 dias.
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