Governo Bolsonaro destruiu R$ 13,5 milhões em medicamentos de alto custo
Remédios, que poderiam ter sido usados para o tratamento de doenças raras, foram incinerados
André Anelli
O Governo Jair Bolsonaro destruiu, desde 2019, pelo menos R$ 13,5 milhões em medicamentos de alto custo, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo. A informação foi revelada com base na Lei de Acesso à Informação.
Conforme a publicação, dentre os remédios desperdiçados estão 2 doses de Spinraza, remédio usado para atrofia muscular espinhal. Cada uma custa R$ 160 mil. Também foram incineradas quase 1000 doses de Translarna, para distrofia muscular. O lote descartado é avaliado em R$ 2,7 milhões.
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O mesmo ocorreu com 259 doses de Betagalsidaze, usada no tratamento da doença de Fabry, que acumula gordura em todas as células do organismo. Quase R$ 2,5 milhões jogados fora. Na lista, ainda estão 127 unidades de Eculizumabe, contra uma doença na corrente sanguínea, ao custo de R$ 1,7 milhão.
Muitos remédios destruídos não constam na lista de distribuição gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Alguns deveriam ser fornecidos para cumprir decisões judiciais. As causas dos descartes milionários não foram esclarecidas. Uma das possibilidades é de que o Ministério da Saúde tenha deixado o prazo de validade dos remédios vencer.
Pelo mesmo motivo, o descarte de vacinas vem aumentando. De acordo com Ministério da Saúde, em 2021, foram quase 2 milhões de doses desperdiçadas. No ano passado, quase 10 milhões.
A atual gestão da Saúde afirma ter assumido a pasta com 27 milhões de doses sem tempo hábil para distribuição e uso. Nos próximos 6 meses, mais 20 milhões devem atingir o prazo de validade, sem uso.
O Instituto Vidas Raras, que defende pessoas com doenças que afetam uma pequena porcentagem da população, diz que desperdício é recorrente. "Para gente, não é uma novidade. A gente já viu acontecer, em outros momentos, e sempre foi uma preocupação nossa garantir que esses medicamentos que são recebidos, ou do Estado, ou via solicitação administrativa, ou ação judicial, que ele fosse bem utilizado", argumenta a presidente do instituto, Amira Awada.
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