SAMU-SP, um dos maiores serviços de emergência da América Latina, completa 30 anos
Só em 2022, foram recebidos mais de 1 milhão de chamados, dos quais 187 mil resultaram em atendimentos
Luciano Teixeira
O dia começa agitado para quem trabalha em um dos maiores serviços de atendimento de emergência da América Latina.
"Um paciente idoso de 89 anos, uma ocorrência em um prédio", indica o médico socorrista do SAMU, Mateus Miachon. O pedido de socorro veio via rádio para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e, nessa hora, o tempo de chegada conta. "Pode ser uma vítima potencialmente grave, inconsciente, quer dizer, que não está respondendo ao chamado", ele acrescenta.
Essa é a rotina do doutor Mateus e de centenas de profissionais todos os dias: salvar vidas, garantis que o socorro chegue a quem precisa, de graça, não importa quem seja.
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Às vezes, até quem trabalha no serviço precisa de ajuda. "Só lembro até a dor. Fizeram o eletro, e a dor ficando forte... aí eu perdi os sentidos e fiquei roxa, começou tudo, e eu fiquei roxa", relata a enfermeira Ana Lúcia Alves Cachola.
Ana Lúcia passou mal e teve um infarto no local onde fica uma das centrais de emergência. O que, para os socorristas, fez toda a diferença. "Nós fizemos o atendimento da parada cardiorrespiratória da Ana dentro da unidade, antes da chegada do médico", afirma a auxiliar de enfermagem, Cláudia Rivera.
Nestes 30 anos de história, foram mais de 8,5 milhões de atendimentos só na capital paulista. Um em cada quatro chamados de urgência e emergência médica, como convulsões, problemas respiratórios, acidentes vasculares cerebrais e de trânsito.
Na maioria dos casos, atender o paciente, no local onde está acontecendo o problema, significa a diferença entre a vida e a morte. "Tem estudos que mostram que, a cada minuto sem a circulação normal, sem o coração funcionar, diminui em 10% a sobrevivência da pessoa", explica Cláudia Rivera.
Do número total de ocorrências, 56% são casos considerados graves. Só de janeiro a outubro deste ano, foram mais de 1 milhão de ligações que resultaram em 187 mil atendimentos.
O serviço, garantido pelo Sistema Único de Saúde, está presente em todo o país. Para Ana Lúcia, e tantas outras pessoas beneficiadas, a segunda chance, possível depois de um atendimento bem-sucedido, significa um recomeço.
"Tem coisas que deixam de ter aquele valor que tinha antes. Eu não quero morrer de novo, eu vou viver o pouco que eu tenho... não sei se é muito ou pouco, mas eu quero viver, viver bem comigo e com as pessoas. É isso", conclui Ana Lúcia.
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