Biomédica denuncia racismo em hotel no ABC Paulista
Doutoranda afirmou que foi questionada sobre veracidade de e-mail. "Eles não acreditam que eu sou doutora por eu ser preta, baixinha e pequena", diz
SBT News
A biomédica Aline Vitória, de 30 anos, disse ter sido vítima de racismo no hotel de luxo em Santo André, no ABC Paulista, na última 5ª feira (22.dez).
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
A doutora estava hospedada no local a trabalho e contou que, ao fazer o checkout pela manhã, foi questionada sobre a veracidade do e-mail de reserva, enviado pela empresa em que trabalha e é sócia, e se Aline realmente fazia parte do negócio.
"Eles disseram que eu tinha alterado o título do e-mail da reserva, ligaram para a empresa para confirmar se trabalhava lá, mesmo eu provando que sim, com tudo na mão", contou a biomédica. Aline ainda disse que a atendente saiu da recepção com mais duas pessoas, que ficaram a observando.
"Eles não acreditam que eu sou doutora por eu ser preta, baixinha e pequena", disse Aline. "Eu não vou me calar. Quero mostrar para todo mundo que podemos ser o que quisermos. Temos que cobrar, sim, o governo. Temos que nos posicionar. Não podemos deixar as pessoas fazerem com a gente o que elas querem", completou.
Em nota, a Rede Bristol Hotéis & Resorts afirmou que está apurando os fatos internamente e que compreende "a gravidade de qualquer ato de discriminação, sobretudo racismo", considerando que tem a "empatia" como um dos principais valores da empresa, "a qual também transmitimos e exigimos dos nossos colaboradores". A assessoria do hotel disse ainda que está à disposição para colaborar com a hóspede e com as autoridades para esclarecer o ocorrido.
A biomédica registrou boletim de ocorrência eletrônico por racismo no mesmo dia do caso e disse que a advogada da empresa vai processar o hotel nas esferas criminal e cível.
Aline é doutoranda em Cannabis Medicinal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diretora de pesquisa e sócia da farmacêutica Medra. Diagnosticada com neuropatia periférica, a biomédica ficou dois anos sem andar e voltou a ter qualidade de vida após o tratamento com cannabis medicinal.
*estagiária sob supervisão de Bruno Viterbo
LEIA MAIS: