Padeiro é solto depois de duas prisões injustas por sequestro
Câmeras de segurança mostraram que ele estava tralhando no momento dos crimes
Simone Queiroz
Um reencontro com lágrimas e sorrisos entre pai e filho. É a segunda vez que Larissa vai com o menino encontrar o marido, depois dele passar dias na prisão. No caso de Eduardo, porém, um "detalhe" muda toda a história: ele é inocente de ambas as acusações.
"Horrível... eu sabia que eu ia sair, eu sabia, porque eu sou inocente, não tem prova nenhuma!", disse Eduardo Farias, que passou 16 dias atrás das grades. Dono de uma padaria, ele também vende sua produção circulando de moto pelas ruas do bairro.
O martírio do rapaz, no entanto, havia começado muito antes. Eduardo foi preso, em setembro, acusado de participar do sequestro de um médico. Enquanto a vítima era mantida no cativeiro, a quadrilha fazia saques e transferências por pix.
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A família de Eduardo fez um verdadeiro trabalho de investigação para provar que, durante o sequestro, ele estava em outro lugar, e que, portanto, não poderia ter cometido o crime.
Com a ajuda de vídeos de segurança, os parentes conseguiram reconstituir os passados do padeiro, e provaram às autoridades que, durante o sequestro, Eduardo este no açougue, em casa, recebendo o filho vindo da creche, lavando oc arro e a moto.
As gravações derrubaram uma das justificativas apresentadas pela polícia para a prisão: o carro do médico sequestrado havia sido encontrado na mesma rua em que Eduardo mora, em Vila Brasilândia, zona norte da capital paulista.
Demorou um mês, mas a Justiça mandou soltá-lo. Mas, a liberdade durou pouco. O que o padeiro não sabia é que, há alguns meses, ele já era investigado pela Delegacia Anti-Sequestro de São Paulo.
O nome dele havia sido passado aos policiais por um criminoso ao ser preso e, por conta disso, a segunda prisão foi pedida pela polícia, em novembro. Além disso, duas vítimas de um sequestro, ocorrido em maio, também o haviam reconhecido por foto, o que é irregular.
Contudo, nesta semana, presencialmente, nenhuma das duas vítimas conseguiram identificar Eduardo com o suposto sequestrador; o criminoso, que o havia denunciado à polícia, também negou conhecê-lo.
"Essa mesma pessoa não conseguiu reconhecê-lo no reconhecimento pessoal. [Por que deu o nome dele?] Acredito que não foi pessoal. Chutou um nome para poder não entregar o comparsa, e recaiu sobre um trabalhador inocente", declarou o advogado de Eduardo, Alan Éder de Paula.
A Polícia, então, recomendou a soltura de Eduardo, e a Justiça aceitou. A volta para casa também foi comemorada pelos vizinhos: "é uma pessoa muito direita. Difícil você aguentar injustiça".
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