Comunidades crescem em ritmo acelerado e ocupam 106 mil hectares do Brasil
Levantamento do MapBiomas aponta para construções em capitais e em áreas de risco

Camila Stucaluc
Um levantamento do MapBiomas apontou que, nos últimos 37 anos, as áreas urbanizadas no Brasil passaram de 1,2 milhão de hectares para 3,7 milhões. Nesse período, os locais informais, como comunidades, totalizaram 106 mil hectares - uma expansão de aproximadamente três vezes a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
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Os dados apontam que a maior parte das comunidades se encontra nas capitais. Manaus é um dos destaques: a capital do Amazonas possui o maior crescimento na série histórica, totalizando cerca de 10 mil campos de futebol em 2021. São Paulo (5.579 hectares), Belém (5.450), Rio de Janeiro (5.038) e Salvador (4.793) aparecem na sequência.
"A expansão da urbanização tem impactos no consumo dos recursos naturais, na qualidade de vida e, de uma maneira geral, na sustentabilidade urbana, mas quando falamos das favelas, além disso, há uma chance muito grande do aumento de ocupação de áreas de risco por populações mais vulneráveis", explica o pesquisador Julio Predrassoli.
Segundo ele, a partir de imagens de satélite, foi possível identificar que a ocupação urbana como um todo em áreas de risco aumentou três vezes entre 1985 e 2021. O avanço foi ainda maior em áreas informais: 3,4 vezes. Isso significa que, a cada 100 hectares de comunidades, 15 foram construídos em áreas de risco.
O Cerrado lidera o ranking dos biomas com o maior aumento das áreas urbanizadas em risco (382%), seguido da Caatinga (310%) e Amazônia (303%). Apesar de ter uma extensão urbana pequena, o MapBiomas aponta Petrópolis, no Rio, como um dos exemplos mais emblemáticos das consequências da ocupação de áreas de risco.
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Isso porque, no início deste ano, fortes chuvas castigaram o município, resultando em diversos casos de inundações e deslizamentos de terra. No total, 240 mortes morreram.