Associações de policiais silenciam sobre briga entre Moro e cúpula da PF
Corporação afirmou que ex-juiz mente. Agentes e delegados ainda acreditam em reajuste salarial
As duas principais associações de políciais federais preferiram o silêncio na troca de acusações entre o juiz Sérgio Moro (Podemos) e a Polícia Federal, comandada pelo delegado Paulo Maiurino. Na 3ª feira (15.fev), a corporação divulgou nota para rebater as declarações do ex-ministro de Jair Bolsonaro e pré-candidato ao Planalto. A PF diz repudiar a afirmação de que não tem autonomia e afirma não ser "trampolim para projetos eleitorais".
Na nota, que não está assinada, a PF diz que "Moro mente" e que "efetuou mais de mil prisões, apenas por crimes de corrupção, nos últimos três anos". Também afirma que o ex-juiz "faz ilações ao afirmar que 'esse é o resultado de quantos superintendentes eles afastaram e que estavam fazendo o trabalho deles'". Segundo o documento, "vale ressaltar que a PF vai muito além da repressão aos crimes de corrupção. Em 2021, bateu recorde de operações."
A nota foi uma reposta à entrevista de Moro, que disse que o presidente Jair Bolsonaro interferiu na corporação e que hoje "não tem ninguém no Brasil investigado e preso por grande corrupção". "Tenho grande respeito pela PF, mas essa é a Polícia Federal, e esse é o resultado das nomeações que o presidente fez", declarou o ex-ministro da Justiça - pasta responsável por comandar a PF. As declarações fora dadas à rádio Jovem Pan.
No bastidores, a nota da PF desagradou delegados e agentes, segundo apurou o SBT News. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), entretanto, não se pronunciaram sobre o tema. Entre os integrantes da categoria ainda há a esperança de que ocorra reajuste para os policiais federais, inicialmente prometido por Bolsonaro, mas que acabou suspenso por pressão de outros servidores