Caminhos que se cruzam: Jair Bolsonaro e Partido Liberal
Confira as trajetórias do presidente e do partido ao qual decidiu se filiar, após dois anos sem sigla

Fernanda Bastos
Dois caminhos se cruzaram na manhã desta 3ª feira (20.nov), o de um político, de 66 anos, da extrema direita que se fiiliou a um partido, de 36 anos, de centro. Após dois anos sem vinculação a nenhuma legenda, o presidente Jair Bolsonaro, assinou a sua filiação ao PL em evento na capital federal.
A história do Partido Liberal é recente, a sigla foi criada em 1985. A legenda também já foi denominada PR e abrigou os extintos PGT e Prona - que tinha como seu principal destaque o político Enéas, morto em 2007, vítima de leucemia. Na atual legislatura, a sigla conta com cinco senadores, entre eles o ex-jogador de futebol Romário, e 43 deputados federais.
O PL é considerado um partido com características de centro, ou seja, de forma geral não defende radicalmente posições da esquerda ou da direita. Esse aspecto também pesou na escolha do presidente Jair Bolsonaro para se filiar à legenda, com a esperança de ter menos resistência política, e claro, ampliar o eleitorado. A jogada de Bolsonaro é a mesma utilizada por Lula em 2002. Mas, para Lula, a conta veio rápido.
A carreira política de Bolsonaro começou em 1988, quando foi eleito vereador pelo Rio de Janeiro, aos 33 anos. Jair passou por oito siglas durante os seus sete mandatos como deputado federal. Começou em 1988 com o PDC, depois, em 1993, no primeiro mandato como deputado, foi eleito com apoio do PPR. Bolsonaro passou pelo PPB, PTB, PFL, PP, PSC até ser eleito presidente da República pelo PSL. Em 2019, o presidente tentou criar o partido Aliança pelo Brasil, que não saiu do papel.
Já em relação ao PL, a trajetória do atual presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, é marcada por desencadear uma das grandes crises internas no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em um dos episódios, Valdemar pediu explicitamente a saída do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Segundo o cacique da legenda, Palocci "não entendia nada de economia". Logo depois, defendeu a demissão da diretoria do Banco do Nordeste. Costa Neto também carrega na sua história a condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema conhecido como "mensalão", acusado de receber dinheiro em troca de apoio no Congresso ao governo do ex-presidente Lula. Chegou a ficar preso em regime semiaberto e, em 2016, ganhou o indulto do Supremo Tribunal Federal.
A tumultuada chegada de Jair Bolsonaro ao PL só foi possível após diversas rodadas de negociações e da "carta branca" de Valdemar Costa Neto. O presidente da República solicitou, por exemplo, espaço para aliados dele na executiva nacional. Além da garantia do apoio do partido ao nome escolhido por Bolsonaro para a disputa do governo de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. Do que se sabe até agora, o candidato pode ser o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
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