Religião e polícia: movimento evangélico ganha espaço em forças de segurança
Com mais da metade dos policiais evangélicos, especialistas debatem sobre relação de fé nas corporações

SBT News
A atividade profissional em regiões periféricas, exposição à violência e a identificação com o conservadorismo são alguns dos pontos que podem influenciar o aumento do movimento evangélico nas forças de segurança. Mais da metade dos policiais brasileiros se identificam com o eixo religioso, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. E a crença tem saído do âmbito pessoal: a última campanha em prol da saúde mental de policiais produzida pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), por exemplo, contou com a publicação de uma cartilha cristã popular entre os evangélicos, o Pão Diário.
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O livreto, que também teve edições em outros grupos, como entre bombeiros e exército, traz reflexões bíblicas em um formato de pílula: a cada dia uma mensagem religiosa. Uma campanha com este viés acompanha a mudança social do próprio Brasil. Essa relação foi tema de uma entrevista do SBT News que reuniu o sociólogo e especialista em segurança pública, Arthur Trindade, e o antropólogo Juliano Spyer, autor do livro Povo de Deus.
A fé cristã, na perspectiva de Trindade, não necessariamente traz alguma característica negativa sobre a conduta profissional de policiais. "Não vejo diferença entre um policial religioso e um não religioso", opina. Juliano Spyer, por sua vez, apresenta como o movimento evangélico ganha força em ambientes populares, em que policiais estão inseridos.
"Nesses espaços, a religião tem a contribuição de se tornar um cinto de segurança. Uma maneira que você tem de controlar uma vida, que em geral, foge do seu controle, por questões socioeconômicas, de saúde, falta de serviços de qualidade, e pela questão da violência", pondera Spyer.
Arthur Trindade, que também é professor da Universidade de Brasília, destaca outros pontos da profissão que se aproximam do movimento de fé: "É um grupo mais conservador que a média da sociedade, uma profissão de risco, então a necessidade da religião é também maior".
Confira a entrevista: