Perfil acompanha a CPI e viraliza: "Ajudamos a ratificar a democracia"
Coletivo que atua no Twitter respondeu a questionamentos do SBT News; confira a entrevista
Aproximar a população das investigações sobre a atuação na pandemia que deixou mais de 450 mil mortes até o momento no Brasil. Com essa proposta de trazer o debate da covid-19 à rotina da população, um grupo de profissionais das áreas de saúde, educação, direito e comunicação, criou uma página no Twitter que relata diariamente os passos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia. Trata-se do Camarote da CPI, criado em abril e que, até a publicação desta reportagem, contava com mais de 58,5 mil seguidores na rede social.
O SBT News entrou em contato com a equipe da página para consultar os principais pontos do trabalho realizado até o momento. Confira:
De onde surgiu a ideia em se criar uma página específica sobre a CPI da Pandemia?
O trabalho da CPI tem o possível impacto de identificar e responsabilizar os agentes políticos que, por suas inações ou decisões inadequadas, trouxeram o Brasil à beira de 500 mil mortes confirmadas. A pandemia afeta a todos nós, independentemente de alinhamento político. Por ser algo demorado, e técnico, alguns colegas com especialidades diferentes se juntaram para relatar, de forma jornalística, o que estava acontecendo. Pontuamos as coberturas ao vivo com fios explicativos dos assuntos que dominaram os depoimentos. O que esperamos é lisura, transparência e objetividade nas investigações.
Como é a formação do grupo, e como vocês se organizam?
Somos um grupo plural, com profissionais da saúde, educação, direito, comunicação, e outros. Usamos um grupo interno, no qual discutimos pautas mais espinhosas e programações para os dias seguintes, e um sistema de rodízio para cobertura dos depoimentos ao vivo. Quando há uma demanda específica (avaliar um documentos tornado público), nos dividimos e sugerimos o texto pronto, que passa pela aprovação da maioria antes da publicação.
Vocês também fazem um trabalho de checagem das informações. Como ele é feito?
Sim, sempre. O que pontuamos lá não é baseado em opinião: buscamos fontes (e incluímos quando pertinente nos fios). Às vezes o que é dito nos depoimentos não é uma informação falsa, mas é colocada fora de contexto ou interpretada de uma maneira inadequada. Os especialistas em cada área buscam a informação nas fontes (revistas científicas, pronunciamentos oficiais, posicionamentos de instituições como a OMS) e comparamos com o que foi dito, ou, quando necessário, com a transcrição disponibilizada no site do Senado.
O perfil de vocês, assim como outros no Twitter, tem aproximado muitas pessoas dos assuntos que estão sendo tratados dentro da Comissão. Como vocês se veem nesse espaço?
Achamos bastante positivo. Indica que as pessoas entendem que o mundo político faz parte do dia a dia delas e que o que está sendo desenhado ali terá impacto, ou assim esperamos, no rumo da pandemia daqui para frente. Ademais, entendemos ser relevante tornarmos a realidade dos fatos acessível a todos os públicos, dessa forma acreditamos que ajudamos, também, a ratificar a democracia
Ainda nesse tema, a página de vocês já foi citada dentro da Comissão. Outras até motivaram perguntas dos próprios senadores durante as oitivas... O que vocês acham dessa interação?
Entendemos que esse é o outro lado da interação: temos cidadãos que acompanham nosso trabalho. E temos um grupo maior, em conjunto com outros perfis do Twitter, em que discutimos os assuntos que imaginamos que serão abordados nos próximos depoimentos. Ali, levantamos as informações de depoimentos anteriores, posicionamentos e histórico do depoente, tudo disponível publicamente na internet e acessível por qualquer que assim desejar. Esse levantamento ajuda tanto a pautar o que os senadores irão discutir (através do contato deles com nossos perfis) quanto para checagem de fatos interna, durante os depoimentos, de forma mais rápida.