Atentados com carros-bomba e drones deixam ao menos 8 mortos e dezenas de feridos na Colômbia
Explosões e tiroteios atingiram delegacias e prédios públicos no Vale do Cauca; governo aponta dissidência das FARC como responsável

Vicklin Moraes
A Colômbia vive uma onda de violência e terrorismo, com ataques coordenados que deixaram pelo menos oito mortos e dezenas de feridos nesta terça-feira (10), no sudoeste do país. Segundo a imprensa local, 19 atentados armados, com uso de carros-bomba e drones, atingiram delegacias e prédios municipais em Cali — terceira maior cidade do país — e em outros municípios vizinhos.
Os atentados ocorreram principalmente no Vale do Cauca, onde o partido do presidente Gustavo Petro convocou uma grande marcha popular para esta quarta-feira (11) em apoio ao governo. Em El Bordo e Corinto (no departamento de Cauca), explosões de carros-bomba causaram danos a ruas e prédios vizinhos.
Autoridades afirmam que os ataques foram organizados por dissidentes da guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) - grupo armado criado na década de 1960 -, em retaliação à morte de um de seus líderes, conhecido como Mayimbú, assassinado em 2022. Em Jamundí, uma explosão matou pelo menos três pessoas em uma área rural próxima a Cali.
A Fundación Valle del Lili, uma das principais clínicas da região, recebeu 21 pacientes feridos, sendo oito em estado crítico, e declarou superlotação de 300% no setor de emergência. A instituição pediu ao governo a ativação da rede hospitalar de alta complexidade.
“Em uma semana, a Colômbia voltou a 1989”, afirmou Alejandro Eder, prefeito de Cali, comparando a atual onda de violência ao período do narcoterrorismo de Pablo Escobar.

Governo X Guerrilheiros
O Ministério da Defesa da Colômbia classificou os ataques como “uma reação desesperada de grupos armados ilegais frente às operações que atingiram suas estruturas e economias ilícitas”.
Horas antes dos atentados, a candidata presidencial Vicky Dávila acusou Iván Mordisco, líder do Estado-Maior Central (EMC) — dissidência das FARC — de ser o mandante do atentado contra o senador e pré-candidato Miguel Uribe, que foi baleado no último domingo (7), durante um evento político e permanece internado em estado grave.
Em nota divulgada à população, os dissidentes das FARC acusaram o governo de Petro de mobilizar tropas americanas para desestabilizar a Venezuela e chamaram o Estado colombiano de paramilitar.
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Ainda nesta terça-feira, o presidente Gustavo Petro anunciou, em sua conta no X, que "Cholinga", um dos principais líderes do Bloco Isaías Pardo do EMC, foi neutralizado pelas forças de segurança.