Saiba quem é a Laysa Peixoto, jovem desmentida pela NASA após se dizer astronauta
Mineira diz ter sido selecionada para voo espacial em 2029 pela Titans Space; NASA afirma que suposta missão não é reconhecida e não tem vínculo com a agência
Vicklin Moraes
A mineira Laysa Peixoto, natural de Contagem (MG), virou o centro de uma polêmica nas redes sociais após afirmar que seria a primeira brasileira a ir ao espaço. Em uma publicação que viralizou na última semana, ela disse ter sido selecionada como astronauta de carreira, parte da "turma de 2025", com previsão de participar de um voo inaugural da empresa Titans Space em 2029.
Na publicação, Laysa afirmou que atuaria em missões espaciais tripuladas para estações espaciais privadas, além de futuras viagens à Lua e Marte. Segundo ela, até 2029 seguirá em treinamento com voos suborbitais, missões privadas e preparação como piloto, sob o comando de Bill McArthur, ex-astronauta da NASA.
A NASA negou qualquer relação com a jovem. Em nota enviada ao SBT News, a agência espacial dos EUA esclareceu que “Embora geralmente não comentemos sobre indivíduos, esta pessoa não é funcionária da NASA, investigadora principal ou candidata a astronauta.”
No site oficial da Titans Space, o nome de Laysa não consta na lista como membro da suposta equipe técnica de astronautas anunciados na missão para 2029. Com isso, a brasileira pode integrar o voo como "turista espacial" pelo valor a partir de US$ 1 milhão. A empresa confirmou a participação dela na expedição, mas não afirmou qual papel ela desenvolveria.
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A Administração Federal da Aviação (FAA), órgão norte-americano que regula a indústria de transporte aéreo e espacial dos Estados Unidos, informa que a Titans Space não é autorizada a realizar qualquer voo espacial. A NASA também afirmou que a suposta missão "não é reconhecida e nem tem qualquer vínculo com a instituição".
Descoberta de asteroide, treinamento na NASA e faculdade trancada
Em 2022, Laysa afirmou ter participado de um treinamento de astronauta vinculado à NASA. Ela também alegou ser aluna da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Procurada pelo SBT News, a universidade confirmou que Laysa foi aluna do curso de Física de 2021 a 2022, mas que trancou a matrícula em 2023 e foi desligada por ausência de rematrícula no segundo semestre. A UFMG confirmou que ela participou de um grupo de Astronomia da instituição.
Em entrevista à Forbes Brasil em 2022, Laysa afirmou ter descoberto um asteroide aos 18 anos, o que a levou a participar da lista Under 30 da revista, que reconhece jovens brasileiros com menos de 30 anos em destaque nas suas áreas.
No perfil publicado pela revista, consta a informação de que ela teria colaborado com uma pesquisa do Observatório Nacional do Japão descobrindo um asteroide que leva suas iniciais e contribuído para uma missão da NASA relacionada à descoberta de exoplanetas, além de liderar uma equipe na criação de uma tecnologia capaz de extrair água da superfície da Lua.
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A assessoria da jovem afirmou ao SBT News que ela descobriu o asteroide LPS0003 durante o programa "Caça Asteroides", uma parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a NASA. O ministério informou que o programa realmente existe, mas não conseguiu confirmar e nem negar se ela participou do programa.
Em outra entrevista concedida à Forbes em 2023, Laysa afirmou ter sido a primeira brasileira selecionada pela NASA para conduzir experimentos em gravidade zero. Ela também disse que teve dois projetos aprovados pela agência espacial e que foi escolhida como cientista principal do plano Orbiter — uma missão prevista para ser lançada nos próximos anos com destino a Enceladus, lua de Saturno, com o objetivo de investigar a possibilidade de existência de vida no corpo celeste.
A biografia enviada pela assessoria de imprensa de Laysa não menciona participações em projetos no Japão, experimentos em gravidade zero, nem qualquer envolvimento com o plano Orbiter.
O SBT News entrou em contato com a NASA para confirmar as informações citadas por Laysa em entrevista, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O LinkedIn e o site oficial de Laysa foram desativados.
