O que são traços falcêmicos, que impedem Allan de jogar em altas altitudes
Volante do Flamengo não defenderá o clube em confronto contra o Bolivar, que será disputado a 3.700 metros de altitude; entenda
Wagner Lauria Jr.
O volante Allan, do Flamengo, não irá defender seu time contra o Bolívar, em La Paz, pela volta das oitavas de final da Libertadores. O motivo: o jogador possui traços falciformes, ou falcêmicos e, em razão disso, pode apresentar complicações sendo um atleta de alto rendimento no estádio Hernando Siles, na capital boliviana, que está a cerca de 3.700 metros de altitude.
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Entenda a condição
É uma condição genética diagnosticada logo no nascimento -- no teste do pezinho -- e herdada do pai ou da mãe, segundo o Hospital Albert Einstein.
Apenas em altas altitudes, a condição pode gerar sintomas como dores no corpo, mais fadiga, falta de ar e náusea, de acordo com artigo publicado na Brazilian Journal of Health Review.
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Em geral, a condição é assintomática, segundo o Hospital, mas altitudes elevadas também fazem com que os níveis de desidratação do corpo aumentem, colaboram para o aumento da temperatura do corpo (hipertermia), além de um desequilíbrio nos níveis de ácido presentes no sangue.
No confronto anterior do rubro-negro com o Bolívar na fase de grupos da Libertadores, em abril deste ano, Allan também não participou do jogo.
Traço falciforme x doença falciforme
Há uma diferença essencial entre o traço falciforme ou falcêmico e a doença ou anemia falciforme: enquanto o primeiro não é uma doença e, consequentemente, não requer tratamento, a segunda é um quadro crônico que necessita de cuidados especializados ao longo de toda a vida e pode apresentar complicações mais graves, como quadros de trombose arterial e venosa, segundo o Ministério da Saúde.
Além disso, os sintomas já começam no primeiro ano de vida e podem afetar quase todos os órgãos e sistemas. A anemia falciforme pode alterar o formato das hemácias (eles assumem o formato de foice), prejudicando a circulação e o fornecimento de oxigênio. Pacientes também podem sofrer com crises de dor, icterícia (pele amarela causada pelo acúmulo de bilirrubina no sangue), AVC, síndrome torácica aguda, e complicações renais e oculares.
A doença falciforme também pode ser diagnosticada pelo teste de pezinho ou pela eletroforese de hemoglobina, um exame de sangue disponível na rede pública e oferecido às gestantes e seus parceiros durante o pré-natal e possui tratamento disponível na rede pública de saúde (SUS).
O Ministério da Saúde, inclusive, vai oferecer a partir de 2025, dois novos medicamentos (a alfaepoetina e a hidroxiureia) para o tratamento da doença falciforme de forma gratuita. Drogas podem chegar a R$ 200 nas farmácias.