Brasil volta a registrar dengue tipo 3, sem circulação há 15 anos
Quatro casos foram confirmados em Votuporanga, no interior de São Paulo
SBT News
A dengue tipo 3 foi detectada em quatro mulheres, com idade entre 5 e 46 anos, moradoras de Votuporanga, no interior de São Paulo. Esse sorotipo estava fora de circulação no país há mais de 15 anos. Todas as pacientes passam bem, mas a intensidade dos sintomas chamou a atenção das autoridades de saúde. A secretária de Saúde de Votuporanga, Ivonete Félix, informou que as pacientes tiveram um quadro mais agudo, de dor intensa, algumas, inclusive, com hemorragia nasal.
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Em meio ao alerta, a prefeitura decidiu intensificar as ações de combate à doença no município com aplicação de inseticidas e nebulização em casas. A maior dificuldade, no entanto, tem sido a recusa de moradores em receber os agentes de saúde. 16 mil pessoas não abriram as portas de casa neste ano. A aposentada Isabel Cardoso não entende essa resistência de parte da população.
"Se a gente não cuidar, vai matar muita gente, porque o povo acha que não mata, né? Eu falo com os meus vizinhos, 'toma vergonha'", desabada Isabel.
Para prevenir a doença, a principal orientação é manter os quintais limpos e livres de qualquer recipiente que possa acumular água. É nessa situação que as larvas do mosquito se proliferam. O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito aedes aegypti. No Brasil, são quatro sorotipos da dengue. Todos provocam sintomas semelhantes (como febre, mal estar, dor de cabeça e no corpo), mas a infecção por um tipo não gera imunidade contra os outros, como explica o virologista da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) Maurício Lacerda Nogueira.
"Todos eles podem causar infecções como casos de dengue hemorragica, ou dengue grave como é chamado hoje em dia, especialmente, quando [os sorotipos] causam a segunda infecção. Então, nós temos nessa região uma população muito grande que foi exposta à dengue 1 e 2 e que podem ter manifestações graves com a presença do dengue 3", explica o professor da FAMERP.
Um outro caso, importado, foi identificado na região da Foz do Rio Itajaí, em Santa Catarina. A informação foi divulgada nesta semana pela Diretoria de Vigilância Sanitária do estado. Um estudo da Fiocruz também indicou, no primeiro semestre deste ano, três casos da dengue tipo 3 detectados em Roraima (adquiridos no país) e um caso importado no Paraná. O virologista e pesquisador titular em Saúde Pública da Fiocruz, Felipe Gomes Naveca, alerta para a possibilidade de uma nova epidemia.
"A gente 'tá' falando de 15 anos que não temos epidemia por esse tipo da dengue, então, o risco ele existe. É uma nova introdução de dengue 3, vinda da Ásia para as Américas", afirma o pesquisador.