Mais de 3 mil menores de idade são presos durante estado de emergência em El Salvador
Relatório da Human Rights Watch aponta que mais de mil desses menores foram sentenciados no período e muitos foram torturados
Um relatório da Human Rights Watch, divulgado na última terça-feira (16), aponta que 3.319 menores de idade foram presos, entre março de 2022 e abril deste ano, durante o estado de emergência em El Salvador.
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O documento aponta que, desses, mais de mil já foram condenados, com penas chegando a até 12 anos de prisão. Segundo o levantamento, os jovens são detidos de forma arbitrária, passando por torturas e outras diversas ações que violam os direitos humanos, sob o discurso de "guerra contra as gangues" do presidente salvadorenho Nayib Bukele.
O relatório revela ainda que, nos centros de detenção, essas crianças e adolescentes são mantidos em "condições desumanas" e, muitas vezes, dividindo os espaços com adultos. As autoridades também fazem o mínimo para garantir alimento, tratamentos de saúde, contatos com a família ou proteção contra espancamentos e abusos sexuais nos presídios, afirma o documento.
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Desde a instauração do estado de emergência em El Salvador, mais 80 mil pessoas, suspeitas de fazerem parte de gangues, já foram presas no país.
Apesar das denúncias, o presidente do país, Nayib Bukele, foi reeleito, em fevereiro deste ano, com mais de 80% dos votos, a mais cinco anos de mandato.
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Sua popularidade permanece alta em El Salvador, sobretudo pela diminuição da taxa de homicídios no país, que chegou a registrar 106 mortes a cada 100 mil habitantes -- um dos países mais violentos do mundo. Desde que assumiu o poder, em 2019, esse número chegou a baixar para um recorde de 2,4 homicídios a cada 100 mil pessoas, em 2023.