Ucranianos podem ter mais esperanças após motim, avalia especialista
Em entrevista, professor da USP afirma que Putin fica enfraquecido após rebelião do grupo Wagner
Fernando Jordão
Embora ainda não seja possível medir o impacto da tentativa de motim na Rússia na guerra na Ucrânia, o presidente Vladimir Putin sai "bastante enfraquecido" do episódio. Essa é a avaliação de Kai Enno Lehmann, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Rússia, que falou sobre o tema no programa Poder Expresso, do SBT News, nesta 2ª feira (26.jun).
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A revolta começou na noite de 6ª (23.jun), quando o grupo paramilitar Wagner, que luta na guerra da Ucrânia ao lado da Rússia, iniciou uma rebelião e atacou bases militares russas. Depois, deixou bases no leste da Ucrânia, cruzou a fronteira e tomou o controle de Rostov. Os mercenários ameaçaram marchar para Moscou. Há meses, o grupo vinha tendo desentendimentos com o Ministério da Defesa russo por falta de armas e suprimentos de guerra. A ofensiva foi interrompida após um acordo intermediado pelo governo bielorrusso.
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Segundo Lehmann, Putin -- que disse nesta 2ª que o motim seria desfeito de qualquer forma, mesmo sem a desistência do grupo Wagner -- já esteve em "situações melhores interna e externamente". Sobre a guerra, ele avalia que "em termos práticos, no campo de batalha, parece que não há efeito de forma imediata". "Mas, se eu fosse ucraniano, eu teria mais esperanças de vencer essa guerra agora, porque, obviamente, existe uma divisão dentro da máquina militar russa", ponderou.
Ainda durante o motim, foram divulgadas informações de que militares das forças oficiais da Rússia estariam apoiando o Wagner. Questionado sobre se isso demonstra uma insatisfação do exército russo com Putin ou mesmo com a guerra, o docente apontou que há uma falta de motivação para os soldados seguirem no conflito. "A Ucrânia sabe por que está lutando. Sabe que essa guerra vai determinar a existência ou não do próprio estado. Os russos, soldados jovens que estão lá, muitas vezes recrutados contra a própria vontade, estão lá para quê?", arrematou.
Confira a íntegra da entrevista: