IPCC: temperatura global deve subir 1,5ºC e aumentar mudanças climáticas
Alterações no clima já estão intensificando o ciclo da água e derretendo geleiras
SBT News
Em média, a temperatura global deverá alcançar ou ultrapassar 1,5ºC de aquecimento nos próximos 20 anos -- comparado ao nível pré-industrial -- e, dessa forma, fazer com que cresçam os processos de mudanças climáticas já vivenciados em todas as regiões do planeta, de acordo com a primeira parte da mais nova edição do Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU).
O documento foi divulgado nesta 2ª feira (9.ago) e recebeu a aprovação de 195 governos integrantes do IPCC na 6ª feira (6.ago), após duas semanas de discussão. Segundo os autores -- pesquisadores de inúmeros países, incluindo o Brasil --, um acréscimo de 1,5ºC acarretará em ondas de calor crescentes, estações quentes mais longas e estações frias mais curtas. Já se o aumento chegar a 2ºC, os extremos de calor atingiriam de forma mais frequente os limites críticos para a prática da agricultura e a saúde.
Reduções imediatas, rápidas e em grande escala nas emissões de gases de efeito estufa são necessárias, diz o relatório, para impedir que aquecimento nas próximas décadas seja superior a 2ºC. Desde o período entre 1850 e 1900, as emissões desses gases pelas atividades humanas foram responsáveis por cerca de 1,1ºC de aquecimento global.
Para chegar às conclusão, os pesquisadores analisaram conjuntos de dados observacionais que demonstram o aquecimento ao longo da história e consideraram os avanços da compressão científica sobre o impacto, no clima, da emissão de gases do efeito estufa pelos seres humanos.
Atualmente, explica o relatório, as mudanças climáticas -- cujas características estão em grande parte relacionadas diretamente ao aquecimento global -- estão, entre outras coisas, intensificando o ciclo da água, o que causa chuvas e secas mais intensas, além de inundações; fazendo com as que as chuvas ocorram em locais diferentes de onde costumavam; aumentando o nível do mar, o que contribui para inundações e erosões costeiras; derretendo das geleiras; mudando os oceanos, de modo a aumentar a frequência das ondas de calor marinhas; e aumentando enchentes e o calor em cidades.
Os pesquisadores pontuam que, em terra, as características das mudanças climáticas são sentidas de forma bastante diferente da média global, de modo que o aquecimento na terra, por exemplo, supera o da média do planeta e o do Ártico - neste caso, em mais de duas vezes. Eles alertam ainda não haver precedentes, em milhares de anos, para muitas dessas mudanças, e que algumas são irreversíveis de centenas a milhares de anos também.
Dentre os gases do efeito estufa que contribuem para elas, o carbônico (CO2) é o principal. Porém, mesmo reduzindo as emissões de forma forte e sustentada agora, pode demorar de 20 a 30 anos para as temperaturas globais se estabilizarem.
Veja reportagem do SBT Brasil: