Governo vai investir 21,6% menos em rodovias neste ano, diz CNT
Problemas de qualidade nas estradas fizeram transportadoras terem prejuízo de R$ 4,21 bilhões
![Governo vai investir 21,6% menos em rodovias neste ano, diz CNT](/_next/image?url=https%3A%2F%2Fsbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com%2FPMSJC_6439385608.jpg&w=1920&q=90)
O montante autorizado no orçamento do Governo Federal para investimento nas obras em rodovias neste ano é 21,6% menor que o executado em 2020, indo de R$ 7,4 bilhões para R$ 5,8 bilhões, segundo a 24ª edição da pesquisa CNT de Rodovias, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), pelo Serviço Social do Transporte (SEST) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT). O levantamento, divulgado nesta 5ª feira (2.dez), mostra que há uma tendência de queda nos investimentos feitos pelo Executivo e pelas concessionárias na malha rodoviária nacional desde 2016.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Entre aquele ano e 2020, o valor médio investido foi de R$ 7,16 bilhões, pelas concessionárias, e de R$ 8,9 bilhões, pelo governo. Já por extensão da malha pavimentada gerida, o investimento privado médio foi de R$ 381,04 mil, ante R$ 162,97 mil por parte do poder público federal. Por enquanto, não há dados parciais em relação ao montante executado pelas concessionárias em 2021.
Porém, a pesquisa mostra ainda que enquanto o gasto estimado com acidentes nas rodovias federais, entre janeiro e setembro deste ano, foi de R$ 8,85 bilhões, os investimentos nessas vias ficou em R$ 4,16 bilhões. O estudo analisou também as condições de 109.103 km de rodovias pavimentadas federais e estaduais -- percorridos entre 8 de julho e 27 de julho por 21 equipes de pesquisadores -- e afirma que, desse total, 61,8% são classificados como regular, ruim ou péssimo, considerando as condições de pavimento, sinalização e geometria da via.
Desses trechos com problemas, 91% correspondem a rodovias públicas. Dessa forma, o percentual de trechos sob gestão pública considerados como ótimo ou bom foi de 35,2% para 28,2%, entre 2019 e 2021, e o daqueles classificados como regular, ruim ou péssimo passou de 67,5% para 71,8% (mais 2.773 km de rodovia).
No que diz respeito às concedidas para a iniciativa privada, os índices foram de 74,7% a 74,2% e de 25,3% a 25,8%, respectivamente, o que demonstra situação de relativa estabilidade. A análise contemplou 23.636 km de rodovias sob gestão privada. Considerando os 109.103 km percorridos, os pesquisadores identificaram 1.739 pontos críticos no país, incluindo 1.363 locais com buracos maior que um pneu.
Outro dado mostra que, como os problemas com pavimentos aumentam despesas de manutenção do veículo, a demanda do motor e consumo de combustíveis, entre outras, as rodovias com estado de conservação classificado como regular, ruim ou péssimo fazem o custo operacional do transporte cresce 30,9%, em média, no país. Nas vias concedidas, o crescimento é e 16%, e nas públicas, 35,2%.
Os problemas de qualidade nas rodovias fizeram as transportadoras de carga e de passageiros terem um prejuízo de cerca de R$ 4,21 bilhões, em 2020, por causa do consumo extra de combustível demandado pelos veículos; é estimado um desperdício de 955,99 milhões de litros de diesel no período e, portanto, descarga de cerca de 2,53 milhões de toneladas extras de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
A CNT acrescenta que, para reconstruir 554 km com a superfície destruída e restaurar 41.039 km em que há trincas, buracos, ondulações, remendos e afundamentos, dentre os 109.103 km analisados, seriam necessários R$ 62,9 bilhões; para manutenção, mais R$ 19,6 bilhões. As dez melhores rodovias do país estão em São Paulo, enquanto as piores estão distribuídas por Pernambuco, Maranhão, Bahia, Amazonas, Acre, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No total, o Brasil tem 1.720.909 km de estradas, entre pavimentadas, não pavimentas e planejadas.
Veja os rankings das melhores e piores, e o estudo na íntegra, em ordem:
Pesquisa CNT de Rodovias 2021 by Guilherme Delinardi Resck on Scribd