Frente Parlamentar da Agropecuária diz que medidas do governo para baixar preços de alimentos são insuficientes
Governo zerou alíquota de importação de carne, café, azeite e outros. Nesta sexta (7), Lula disse que pode adotar medidas "mais drásticas" se preços não cederem

SBT Brasil
Um dia após o governo ter anunciado o fim de tarifas de exportação para produtos como carne, café, açúcar e milho, governadores de oposição e representantes do Agronegócio manifestaram desconfiança sobre a eficácia das medidas. A Frente Parlamentar da Agropecuária, por exemplo, alega que as iniciativas não serão suficientes para resolver a alta dos preços.
"O governo tenta criar uma condição de estar tomando alguma iniciativa positiva, quando, na verdade, coloca só o setor produtivo na mesa. O Executivo ou o governo, que tem a responsabilidade de diminuir o Estado, de fazer um ajuste fiscal, de cuidar das contas públicas e reduzir o déficit, não tomou nenhuma medida nesse sentido", declarou Pedro Lupion, presidente da FPA.
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O debate também gerou divergências entre oposição e base governista no Congresso. O deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, criticou as ações do governo. "Eles tentaram contratar um marqueteiro para diminuir toda essa tensão que o governo Lula está passando. Seja na questão diplomática, ministerial, da inflação. E agora, é mais uma jogada de marketing", afirmou.
Já Alencar Santana (PT-SP), vice-líder do governo na Câmara, defendeu a decisão do governo. "Quem quer ajuda, quem quer fazer e quem se preocupa em resolver o problema toma atitude como tomou o governo federal. Por isso, parabenizamos a decisão anunciada pelo vice-presidente Alckmin", disse.
Durante o anúncio na quinta-feira (7), o vice-presidente Geraldo Alckmin sugeriu que uma medida complementar poderia partir dos governadores, com a redução do ICMS sobre os alimentos. A nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforçou a ideia nesta sexta-feira (8).
O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), já aderiu à proposta e anunciou que os produtos da cesta básica terão ICMS zerado no estado a partir de abril. Em contrapartida, Ronaldo Caiado (UB), governador de Goiás e opositor de Lula, afirmou que a alta dos preços é consequência da má gestão econômica do governo federal. "Ao invés de corrigir suas ações, ele quer resolver o problema penalizando os produtores e a indústria brasileira", criticou.
"Atitude mais drástica"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta (7) que se o governo federal não encontrar uma solução “pacífica” para baratear o preço dos alimentos, sobretudo o ovo, o Executivo “vai ter que tomar uma atitude mais drástica”. A declaração foi feita em cerimônia de entregas e anúncios do programa Terra da Gente, no município de Campo do Meio, em Minas Gerais.