"O consumidor não deve pagar a conta", diz consultora sobre substituição dos plásticos
Embalagens geraram 139 mi de ton métricas de lixo em 2021, resíduos que matam milhões de animais todos os anos

Pablo Valler
Apesar das inúmeras discussões e crescente demanda por menos plásticos na Terra, continuamos batendo recordes de produção e descarte desses materiais. Conforme o Índice de Fabricantes de Resíduos Plásticos, organizado pela filantrópica Minderoo Foundation, em 2021 foram 139 milhões de toneladas métricas de resíduos. Seis milhões a mais que a contagem anterior, de 2019.
O aumento fez as embalagens representarem, atualmente, quase 70% do lixo doméstico. Mais de 80% delas utilizadas uma vez. Mas, esses números grandiosos não impressionam tanto quanto o nível de reciclagem atual: 3%. Assim, lixões e aterros transbordam. Cidades entopem e inundam. Oceanos formam ilhas de plástico. A maior, no Pacífico, tem 100 milhões de toneladas.
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Acredita-se que esse montante provoca, por ano, a morte de mais de 100 mil mamíferos marinhos e um milhão de aves. "As embalagens estão no olho do furacão. Porque isso é um passivo ambiental muito grande. Nós precisamos repensar todo esse conjunto a partir de novas ideias poderosas, como a da circularidade, que é um sistema lixo zero. Como que a gente pode fazer isso acontecer entre as empresas, consumidores e trades", explica a mestre em gestão de marcas e consultora em ESG Erlana Castro.
Ela diz mais. A mudança na forma de embalar precisa acontecer agora, para atender as gerações que logo serão decisoras de compras, como a Z: "É um aspecto estratégico para as marcas. Porque é uma condição de participação no mercado nesse exato momento. E daqui pra frente será cada vez mais. É uma discussão pré-concorrencial, inclusive. Não é um diferencial competitivo. Apesar de vivido como se fosse pelas empresas. Também não é pra ser mais caro. Não é o consumidor que deve pagar essa conta".
Será que tem como a empresa investir em pesquisa, testes e depois adpatar todo um sistema de embalagem sem colocar o custo desse processo para o consumidor? A indústria de bebidas Ambev conseguiu. "A embalagem, quando você tem uma reciclada, na fabricação se gasta menos energia, emite menos gases poluentes, de efeito estufa, pelo simples fato de utilizar a mesma matéria-prima de um produto que já existe", explica o Luiz Gustavo Talarico, gerente de Impacto de Impacto e Sustentabilidade da Ambev.
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