Apesar da fome, moradores de rua estão com medo de novas marmitas envenenadas
Após duas pessoas morrerem ao consumirem as refeições que foram distribuídas, população que vive nas ruas teme que a história aconteça novamente
Apesar da fome, moradores de rua estão com medo de novas marmitas envenenadas
SBT News
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A morte de dois moradores em situação de rua ocasionada pelo envenenamento de marmitas que eram distribuídas pela região de Itapevi, na grande São Paulo, despertou o medo e a preocupação naqueles que dependem dessas doações para sobreviver. Além de enfrentarem as dificuldades cotidianas e as baixas temperaturas do inverno em meio à pandemia, essa parcela da população teme que a história se repita ao aceitarem refeições e bebidas que são entregues gratuitamente.
De acordo com os dados da Prefeitura de São Paulo, cerca de 25 mil pessoas vivem nas ruas da capital paulista. A solidariedade, muitas vezes, é a única capaz de amenizar a dura realidade de quem não tem onde morar e não tem o que comer. No entanto, os acontecimentos mais recentes têm mostrado que nem sempre a mão que estende ajuda é para o bem.
O Padre Júlio Lancellotti que há 34 anos coordena a Pastoral Povo da Rua, no bairro da Mooca, explica que tem orientado os moradores a recusarem as refeições oferecidas por desconhecidos. "Eles têm que ficar atentos de que se é uma pessoa que eles não sabem quem é, que vai em horário pouco comum e não tem nenhuma identificação, é arriscado", afirmou.
Diariamente o Padre distribui 500 lanches, que são entregues pela manhã. Já no período do almoço e do jantar são distribuídas 2400 marmitas, trabalho que durante a pandemia foi intensificado. "Nosso objetivo é que eles ganhem imunidade ao estarem alimentados para enfrentar esse momento", explicou o religioso.
Para o vigário do povo, como é popularmente conhecido, doar é um ato de amor: "O amor pode mudar a realidade [...], não é um sentimento vago. É um compromisso com a vida do irmão".