“O sistema inteiro falhou”, diz especialista sobre fuga de presídio de segurança máxima em Mossoró
A fuga dos dois detentos demostrou problemas graves nas penitenciárias federais, de acordo com o advogado e professor de criminologia Olavo Hamilton
Iuri Guerrero
A inédita fuga que já dura sete dias dos dois detentos do presídio de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte, expôs diversos problemas nas cinco unidades gerenciadas pelo governo Federal no país. Em entrevista ao Poder Expresso, o advogado e professor de criminologia Olavo Hamilton afirmou que o episódio pode ser didático para o governo no sentido de aprimorar a gestão e manutenção das unidades para evitar que a conjugação de fragilidades de segurança propiciem novas fugas.
“Nós poderíamos dizer que o sistema inteiro falhou desde a mais alta posição no Ministério da Justiça e Segurança Pública até o, eu diria assim, o agente menos graduado do sistema penitenciário federal. Então foi uma conjunção de fatores. Todo mundo errou”, afirmou o especialista.
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Segundo o Portal da Transparência, a partir do Fundo Penitenciário Nacional de 2023, R$151 mil foram destinados à unidade prisional de Mossoró e tinham como função a aquisição de "materiais permanentes". Das 192 câmeras de monitoramento presentes na Penitenciária, 124 estavam inoperantes. Há apenas um registro da fuga dos detentos. De 2018 a 2023, os recursos destinados ao fundo caíram de R$ 1,2 bilhão para R$ 605 milhões. Neste ano, a previsão é de R$ 361 milhões.
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“Os problemas estruturais que existem ainda hoje na Penitenciária Federal em Mossoró são suficientes para ocasionar uma fuga? A resposta é não. A entrada de algum objeto para facilitar com que os presos pudessem abrir um espaço maior na luminária para a fuga, por si só, poderia resultar em uma fuga? A resposta também é não. A deficiência das câmeras poderia resultar em uma fuga? A resposta também é não. A eventual colaboração de algum agente penitenciário poderia facilitar uma fuga? A resposta também é não. O problema é que tudo isso aconteceu ao mesmo tempo. E aí essa conjunção de fatores foi que propiciou esse evento que é único, que é inusitado, que é a fuga do sistema penitenciário federal em um presídio que efetivamente é de alta segurança”, declarou o professor.
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Nesta terça-feira (20), o ministério da Justiça e Segurança Pública enviou 100 homens e 20 viaturas para a região para reforçar as buscas. A tropa se somará aos 500 agentes da PF, da PRF e das forças locais em ação.