Vítimas de tempestade em Muçum (RS) são veladas em cidade vizinha
Destruição no município fez com que Vespasiano Correa recebesse parentes para despedida

Joellen Soares
Cinco dias após a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, moradores de uma das cidades mais afetadas pelos temporais e enchentes do ciclone extratropical velaram as vítimas da catástrofe em Muçum. A cerimônia, que foi coletiva, foi realizada em Vespasiano Correa, município vizinho, no sábado (09.set).
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As águas destruíram até mesmo o cemitério de Muçum. De acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil, a enchente despejou mais de 15 milhões de litros de água no município. Na localidade vizinha, o galpão de um ginásio serviu de abrigo para familiares e amigos de nove das 15 vítimas fatais.
"Eu achava q o pior dia já tinha passado, mas esse acho que é o pior momento? que é o momento de despedida e um momento de despedida coletivo", disse Mateus Giovanoni Trojan, prefeito de Muçum.
A pequena cidade fica entre o rio Taquari e os morros que levam à Serra Gaúcha. Menos de cinco mil habitantes que nunca tinham visto uma tragédia tão impactante. Equipes de resgate ainda atuam na região de forma intensa, em busca de desaparecidos. Os moradores trabalham na reconstrução enquanto superam o luto e amenizam a dor.
Família decide deixar cidade após enfrentar três enchentes
Famílias das vítimas estão recebendo apoio psicossocial de voluntários no acompanhamento ao reconhecimento dos corpos. Após velar a irmã e o cunhado, o pedreiro Gerci Freitas afirmou que os parentes enfrentaram recentemente três enchentes, perdendo todos os bens materiais. Diante de mais uma tragédia, a família decidiu deixar a cidade.
"Eles também praticamente agora, pelo comentário que eles tão me dizendo eles vão sair até de Muçum. Ali não é vida pra eles, entendeu? Eu até aconselho que eles vão atrás de outro familiar, eles vão ter apoio em tudo quanto é lugar q eles vão...", lamentou o pedreiro.
Até o momento, 41 pessoas morreram durante os temporais e 46 estão desaparecidos. O número de feridos chegou a 223 em uma tragédia que atingiu 87 cidades, fazendo mais de onze mil desabrigados e desalojados.
Entre os desaparecidos está Alciano Bianchi, bombeiro voluntário morador de Encantado. Ele viajou 12 quilômetros até Muçum para ajudar nos resgates. "A esperança é a última que morre, né? até que não apareça, nós vamos ter esperança. Daqui a pouco ele aparece caminhando aí, tomara Deus", disse Anderson, irmão de Alciano.
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