Conselheiro tutelar é acusado de omissão em agressões contra criança
Caso registrado no Rio Grande do Sul terminou com a morte de uma menina de três anos

Luciane Kohlmann
O Ministério Público do Rio Grande do Sul acusa um conselheiro tutelar de omissão e fraude numa ocorrência de maus-tratos em que uma menina de três anos acabou morta, vítima de violência em casa.
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As imagens mostram Mirella Dias Franco, no dia 31 de maio, chegando já sem vida, numa unidade de saúde de Alvorada, na Grande Porto Alegre. O padrasto alegou que ela havia desmaiado no banho. O atestado óbito indicou morte violenta.
A mãe da menina, Lilian Dias da Silva, e o padrasto, Anderson Borba Carvalho Júnior, estão presos desde 11 de junho por suspeita de tortura.
Para a polícia, há indícios de que Mirela sofria agressões desde um ano de idade. No dia seis de janeiro, ela foi levada pelo avô a um hospital com uma fratura no braço.
A instituição enviou um ofício ao Conselho Tutelar pedindo o acompanhamento da criança, porque era a segunda fratura em dois meses.
"A criança foi sofrendo em silêncio, levando surras homéricas, passando fome, passando frio, tendo seu corpo queimado, e sequer sendo levada pra atendimento", afirmou a delegada Jeiselaure de Souza.
O conselheiro Leandro Brandão, assinou o relatório dizendo que esteve na casa da família, mas não tinha ninguém. A polícia diz que o documento é falso.
"Descobrimos, por exemplo, pela planilha de rotas dos veículos, que nenhum conselheiro sai sozinho, e toda e qualquer diligência com o motorista fica registrada nesta planilha, e não há de janeiro até hoje nenhum relato de que o conselho tenha ido fazer o atendimento desta família", afirma a delegada.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul ajuizou nesta 6ª feira (17.jun) uma ação civil pública contra o conselheiro tutelar Leandro Brandão pedindo o afastamento imediato e a suspensão do salário.
Na 5ª feira (16.jun), a Corregedoria do Conselho Tutelar já havia afastado Leandro de suas funções. O MP reforça que, além de falsificar o documento, o agente público teria mentido em depoimento á polícia sobre as diligências feitas.
"Se o hospital, que é um órgão acostumado no atendimento medico encaminhou, é porque o hospital viu que não era uma simples lesão. Ter chegado ao Conselho Tutelar e não ter sido tomada nenhuma atitude é no mínimo revoltante", diz a promotora de Justiça, Tássia Silveira.
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