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Na Índia, Lula alerta para mudanças climáticas e cita tragédia no RS

Durante encerramento da cúpula do G20, presidente diz que é preciso ter mais cuidado com natureza

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Lula e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi
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O presidente Lula fez um discurso de alerta sobre as mudanças climáticas no encerramento da cúpula de países que integram o G20, na Índia. O político brasileiro deu como exemplo da necessidade de "cuidar da natureza" as mortes de 42 pessoas no Rio Grande do Sul depois da passagem de um ciclone extratropical no estado. "Isso nos chama atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta." A reunião dos líderes dos 20 países mais desenvolvidos do mundo terminou na madrugada deste domingo (10.set) com a passagem de bastão da Índia para o Brasil no comando do grupo.

Por que isso importa: Lula tenta estabeceler uma agenda climática e ambiental como política internacional. O discurso do presidente brasileiro é importante porque o Brasil assume a presidência do G20 a partir de 1º de dezembro de 2023, com mandato até novembro de 2024.

Tentativa de protagonismo: ao longo do próximo ano, o político brasileiro vai tentar colocar em prática o plano de ser um político internacionalizado. Não à toa, fez questão de citar no discurso representantes da África e dar atenção aos emergentes. "Agradeço os esforços da Índia em dar voz a temas de interesse dos países emergentes. Por isso, eu quero me solidarizar aqui com o nosso querido companheiro, representante da União Africana, que agora faz parte do G20."

Pontos estratégicos: Lula, como mostrou no evento e no próprio discurso, quer avançar do debate das mudanças climáticas a partir de propostas de transição enérgica. Mas deixou caro que o mandato do Brasil na presidência do G20 será pautada pelo combate à fome e na tentativa de reforma das instituições de governança global.

"Vivemos num mundo em que a riqueza está mais concentrada. Em que milhões de seres humanos ainda passam fome. Em que o desenvolvimento sustentável está sempre ameaçado. Em que as instituições de governança ainda refletem a realidade de meados do século passado. Só vamos conseguir enfrentar todos esses problemas se tratarmos da questão da desigualdade"

Leia a íntegra do discurso: "Bem, primeiro gostaria de dizer às autoridades aqui presentes, suas altezas, aos presidentes, aos primeiros-ministros, de que a natureza continua dando demonstração de que nós precisamos cuidar dela com muito mais carinho. Essa semana, há três dias atrás, no Brasil, um ciclone, no estado do Rio Grande do Sul - nunca tinha havido ciclone -, matou quarenta e seis pessoas e tem quase cinquenta pessoas desaparecidas. Isso nos chama a atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta. Bem, eu quero, primeiro, cumprimentar o primeiro-ministro Narendra Modi pela condução eficaz da Presidência indiana do G20, e pelo excelente trabalho na preparação dessa Cúpula e no carinho que foi dedicado a todos nós, convidados, nesses dia que nós passamos aqui. Agradeço os esforços da Índia em dar voz a temas de interesse dos países emergentes. Por isso, eu quero me solidarizar aqui com o nosso querido companheiro, representante da União Africana, que agora faz parte do G20. Há 15 anos, este grupo se consolidou como uma das principais instâncias de governança global na esteira de uma crise que abalou a economia mundial. Nossa atuação conjunta nos permitiu enfrentar os momentos mais críticos, mas foi insuficiente para corrigir os equívocos estruturais do neoliberalismo. A arquitetura financeira global mudou pouco e as bases de uma nova governança econômica não foram lançadas. Novas urgências surgiram. Os desafios se acumularam e se agravaram. Vivemos num mundo em que a riqueza está mais concentrada. Em que milhões de seres humanos ainda passam fome. Em que o desenvolvimento sustentável está sempre ameaçado. Em que as instituições de governança ainda refletem a realidade de meados do século passado. Só vamos conseguir enfrentar todos esses problemas se tratarmos da questão da desigualdade. A desigualdade de renda, de acesso a saúde, educação e alimentação, de gênero e raça e de representação está na origem de todas essas anomalias. Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional".

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