Os codinomes usados pelo PCC; Moro era Tokyo, e sequestro, Flamengo
Anotações cifradas da facção mostraram à Justiça Federal plano avançado de atentado contra senador
Ricardo Brandt
Os executores do plano do PCC de atentados contra a autoridades usavam códigos para se referir aos alvos e às ações criminosas. É o que revelam os documentos da investigação da Operação Sequaz, deflagrada nesta 4ª feira (22.mar), que desarticulou uma ação contra ex-ministro da Justiça e atual senador Sérgio Moro (União-PR).
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
"Tokio" era o codinome usado para se referirem a Moro. O atual senador e ex-juiz da Operação Lava Jato virou alvo pelo combate ao PCC e outras organizações criminosas que atuam dentro e fora dos presídios, quando foi ministro da Justiça.
Nas ordens de prisão contra os 11 membros do PCC, assinada pela juíza federal Gabriela Hardt, há registros de como se descobriu o plano, a partir da revelação de uma testemunha protegida da Justiça, ex-membro do PCC, e uma tentativa de sequestrar Moro no segundo turno das eleições, em 2022.
Os codinomes "Tokio", "Flamengo", "México", entre outros, aparecem nas conversas de celular, que eram monitoradas pela PF, e nos registros contábeis da quadrilha. Foi na análise de uma dessas trocas de mensagens, que os investigadores conseguiram descobrir seus significados.
Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, uma das lideranças do PCC, pede para a sua mulher salvar os códigos no aparelho de telefone dela, caso ele fosse "investigado" ou alvo de ação policial.
A PF anexou as mensagens no processo. "Mesmo que autoexplicativo, registramos que 'Flamento' é o código para 'sequestro'; 'Fluminense' é o código para 'ação' (possivelmente assassinato); 'Tokyo' é o código para 'Moro' e, por fim 'México' é o código para 'MS' (Estado do Mato Grosso do Sul)."
Os investigadores registram ainda que junto com "os códigos apresentados, temos imagens de despesas com viagens, materiais, veículos, combustível, aluguéis, entre outros dados que se referem explicitamente ao Estado do Paraná e ao Código "TOKYO" que refere-se ao Senador Sérgio Moro."
No material há também um caderno com anotações manuais de uma pessoa do PCC com informações detalhadas de Moro e da família, como endereços, documentos, entre outros.
O plano alvo do inquérito da PF foi frustrado nesta 4ª feira (22.mar) com a deflagração da Operação Sequaz. Os crimes, que envolveriam ainda atentados simultâneos em pelo menos cinco estados contra outras autoridades, seria uma retaliação do comando da facção ao endurecimento das penas. As medidas foram adotadas entre 2019 e 2020, quando Moro era ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro (PL).
O plano orquestrado por um núcleo especial do PCC denominado Sintonia Restrita, segundo as apurações, e coordenado por Nefo. Ele foi um dos presos em Campinas (SP) pela PF.
Leia também:
+ Dados de inquérito revelam plano do PCC em execução contra Moro
+ "O senhor não tem decência?", rebate Moro após fala de Lula sobre ameaças
+ Lula afirma que plano de ataque contra Moro foi "uma armação" do senador