Bispo católico é acusado de estupro de vulnerável no RS
O caso está sendo analisado pelo Tribunal de Justiça do estado
SBT Brasil
Um bispo católico é acusado do crime de estupro de vulnerável em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. O Ministério Público (MP) recorreu ao Tribunal de Justiça do estado (TJRS) depois que a denúncia foi rejeitada na primeira instância.
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Órfã de mãe e em conflito com o pai, Tainá foi acolhida no apartamento do bispo de Frederico Westphalen, a 400 km de Porto Alegre, no final de 2008, depois de procurar o Conselho Tutelar por conta própria. Tinha 13 anos e se chamava Lucas. Depois disso, fez a transição de gênero. Segundo tainá, os abusos do bispo Dom Antônio Carlos Rossi Keller começaram nos passeios. Ele é o chefe da diocese da cidade, de 31 mil habitantes, e de outros 56 municípios da região.
"Ele passava a mão na minha perna, ele pegava a minha mão na mão dele, porque ele gostava de mim, me dava abraços longos, afetuosos, hoje eu vejo que eram afetuosos demais", afirma Tainá. Dentro do apartamento, as investidas se intensificaram. "Ele me chamou no escritório, disse que queria me mostrar algo no computador, fechou a cortina, trancou a porta, e levantou da cadeira e me deu um beijo", relembra a vítima. Ainda segundo ela, o bispo dizia que fazia isso porque a amava.
Meses depois, de acordo com Tainá, o bispo começou a forçá-la a praticar sexo oral. "Durante todo um ano, porque começou no dia 18 de fevereiro e terminou no dia 17 de fevereiro do outro ano, e eu lembro da data porque era uma 4ª feira de Cinzas". Em 2017, seis padres e seis fiéis assinaram uma carta enviada às arquidioceses de Passo Fundo e Brasília, em que alertam: "fortes indícios de homossexualidade e envolvimento com menores no interior do clero e do clero com seminaristas".
Em abril do mesmo ano, o grupo enviou e-mail para os arcebispos das duas cidades com o relato dos abusos sofridos por Tainá e de outras denúncias de pedofilia. Um dos padres que assina o documento é Claudir Zuchi, que trabalhou, por 27 anos, na região. Segundo ele, além de Tainá, havia pelo menos mais duas vítimas de abusos sexuais.
"Eu fiz meu dever, não só de cristão, mas também como cidadão, de denunciar o abuso de um vulneravel", disse o padre. Em suas palavras, "um menor que foi abusado. É devastador porque a gente não sabe o quanto essa pessoa, essas pessoas já sofreram". "E eu estou falando de dentro - o quanto eu sofri pela perseguição", completou.
Em agosto do ano passado, o Ministério Público denunciou o bispo pelo crime de estupro de vulnerável. O juiz da comarca de Frederico Wetphalen rejeitou a denúncia. Em novembro deste ano, o MP recorreu ao TJRS. O caso está sendo analisado. Segundo o MP, "Antonio Carlos Keller se aproveitou da condição de autoridade na Igreja Católica para praticar atos libidinosos e, a partir de fevereiro de 2009, sexo oral com o adolescente que, por total vulnerabilidade, não podia oferecer resistência". Ele também é denunciado por coagir Claudir Zuchi, já que "ao punir o sacerdote, estava tentando calar não só o ele como também fazer o padre de exemplo".
"A omissão é um segundo crime que acompanha o crime de abuso de menores", pontuou Claudir Zuchi. O arcebispo de Passo Fundo disse que a denúncia foi repassada à Santa Sé e que a investigação não conseguiu comprovar os crimes. Em nota, o bispo disse que as denúncias são falsas, que foi absolvido pela Justiça e pela igreja e que os acusadores foram responsabilizados.
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