Setor industrial aponta juros, tributos e pouca demanda como obstáculos
Sondagem Industrial divulgada pela CNI demonstra que empresariado do setor está mais otimista com o 2º SEM
O setor industrial do país elencou a demanda interna insuficiente, a elevada carga tributária e as taxas de juros elevadas como os principais vilões para a atividade das fábricas no 2º trimestre do ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou sua Sondagem Industrial nesta 3ª (18.jul), onde esta constatação é o destaque. Foram ouvidos 1.599 empresários entre 1º e 11 de julho.
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O levantamento, em linhas gerais, mostra piora no desempenho da indústria no mês de junho. Os três itens apontados pelos dirigentes da indústria receberam mais menções do que no período janeiro a março de 2023. Em junho, o emprego industrial caiu pelo nono mês consecutivo e a produção recuou 5,3 pontos. Ao sair de 51,6 pontos em maio para 46,3 pontos em junho, a produção cruzou a linha, que separa a queda da alta na produção. O índice varia de 0 a 100 pontos, com uma linha de corte em 50 pontos. Valores abaixo deste ponto representam queda.
"A queda do emprego foi mais branda e menos disseminada para o mês do que nos anos anteriores. No caso da produção, foi diferente. O recuo foi mais intenso do que o esperado para o mês de junho. A queda desses indicadores vem em linha com a perda do ritmo de crescimento devido à política monetária" - Paula Verlangeiro - economista da CNI
Veja resumo dos principais indicadores da pesquisa:
- Preço das matérias-primas em queda
O preço das matérias-primas teve queda forte (6,4 pontos) e baixou da mediana dos 50 pontos: o indicador foi de 49,5 pontos. Essa é a primeira vez que esse indicador ficou abaixo da linha divisória dos 50 pontos na série histórica, o que indica preços de matérias-primas em queda.
- Contratações
O percentual de empresários que reclamam da falta ou do alto custo da mão-de-obra qualificada aumentou. Passou de 13,9% para 15,6%, entre o 1º e o 2º trimestres deste ano.
- Capacidade instalada
O emprego da capacidade instalada na produção permaneceu estável de maio para junho: 69%. É o menor percentual para o mês em três anos.
- Estoque
As reservas da produção continuam em nível acima do pretendido pelas empresas. A evolução dos estoques marcou 51,3 pontos,de maio para junho. Acima dos 50 pontos o indicador aponta para crescimento dos estoques. É a situação do índice desde fevereiro, o que revela que os estoques estão se acumulando.
- Investimento
O índice de intenção de investimento apresentou estabilidade na passagem de junho para julho, com aumento de 0,1 ponto, para 54,1 pontos. O índice segue relativamente estável desde o fim de 2022, acima da média histórica de 51,5 pontos.
- Julho mais otimista
Quando avaliadas as expectativas sobre julho de 2023, todos os índices subiram para além dos 50 pontos. Na visão da CNI, isto sinaliza maior otimismo dos empresários para os próximos seis meses.
- O índice de expectativa de demanda registrou 55,6 pontos, o que representa aumento de 1 ponto frente a junho.
- O índice de expectativa de quantidade exportada apresentou aumento de 1,4 ponto, registrando 52,2 pontos.
- O índice de expectativa de compras de matérias-primas foi de 53,5 pontos, resultado 0,8 ponto maior do que o do mês anterior.
- O índice de expectativa de número de empregados foi de 51,1 pontos, 0,4 ponto acima do mapeado em junho.
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