Queimadas tiveram os piores índices dos últimos 16 anos em junho
Amazônia e cerrado registraram aumento nos focos de incêndio, segundo o Inpe

Nara Bandeira
As queimadas na Amazônia e no cerrado, em junho, tiveram os piores índices dos últimos 16 anos. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Foram registrados 3.075 focos de incêndio na Amazônia, em junho, o segundo pior resultado para o mês desde 2007, quando foram registrados 3.519. No primeiro semestre deste ano, também houve aumento de 10% nos focos em relação ao mesmo período do ano passado (8.344 em 2023 e 7.533 em 2022).
Para Constantino Alcântara, doutor em desenvolvimento sustentável, as ações do governo ainda não foram suficientes para frear as queimadas: "a gente não vê grandes desmatadores, grandes produtores de queimadas na amazônia sendo punidos".
O pesquisador Alberto Setzer, do Inpe, alerta para o risco ainda maior provocado pelo período seco, que começou em maio e se estende pelos próximos meses: "nós devemos ter 60% de chance de um El Niño mais forte neste ano começando a se estabelecer a influenciar bastante a partir de agosto. A estiagem se torna mais intensa mais prolongada e as temperaturas do ar também sobem".
O Ministério do Meio Ambiente divulgou o balanço dos alertas de desmatamento identificados pelo sistema Deter do Inpe.
Na região amazônica, houve queda de 33, 6% no primeiro semestre deste ano (2.649 km²) em comparação com o mesmo período do ano passado (3.988 km²). Mato Grosso lidera o ranking dos estados com mais áreas em alerta (905 km²), seguido do Pará (744 km²). O Amazonas teve a maior redução. A queda foi de 55,2%.
Já no bioma mais ameaçado do país, o cerrado, o aumento das áreas em risco foi de 21% no primeiro semestre, 26 municípios concentraram metade dos alertas. A maioria fica na Bahia (10), Tocantins (5), Maranhão (5) e Piauí (4).
Segundo o governo, houve um aumento de 80% nas apreensões e de 25% nos embargos de área no cerrado só no primeiro semestre.