Uso de reconhecimento facial em câmeras de monitoram divide opiniões
Para especialistas, sistema pode ajudar na segurança, mas também coloca em risco dados pessoais
Luciano Teixeira
O uso de câmeras com tecnologia de reconhecimento facial já é uma realidade para acesso a muitos lugares e eventos públicos. Uma tendência que está chegando ao monitoramento das cidades e até de estádios de futebol.
Na Arena Palmeiras, por exemplo, a fase de testes para a entrada de torcedores com reconhecimento facial começa neste fim de semana. Alguns sócios e funcionários já têm experimentado a novidade desde dezembro para entrada na sede social do clube. O Goiás também começou a usar o sistema em algumas partidas, no ano passado.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Em São Paulo, a tecnologia de reconhecimento 'Smart Sampa', iniciativa da prefeitura, tem previsão de integrar mais de 20 mil câmeras até o ano que vem. A ideia é que elas reconheçam atitudes suspeitas, pessoas procuradas, placas de veículos perdidos, além de reunir serviços municipais em uma central de monitoramento.
O Brasil é o quinto país com mais redes de câmeras de vigilância com reconhecimento facial no mundo, segundo o Índice Global de Vigilância de Direitos Digitais. Mas, nem todo mundo defende o uso do sistema. Especialistas questionam a segurança do sigilo de informações da população em geral, e alertam sobre a possibilidade de desrespeito aos direitos humanos.
"Existe, hoje, uma discussão mundial sobre quais são os riscos de prefeituras passarem a usar reconhecimento facial automatizado para fins de segurança pública em espaços abertos", observa o diretor da associação Data Privacy Brasil de Pesquisa, Rafael Zanatta.
O editado do Smart Sampa foi questionado pelo Tribunal de Contas do Município, porque continha termos considerados racistas. A prefeitura editou o documento com os termos apontados e aguarda a nova decisão.
"Sistemas que são treinados, por exemplo, de um fornecedor chinês, que faz um processo de aprendizado de máquinas entre servidores e bancos de dados em outro país, e implementa esse mesmo sistema de análise de distância entre partes do rosto - olho, nariz, boca e etc -, para um outro tipo de população, que é mais diversa, você tem problemas de acurácia, ou seja, o sistema falha mais", explica Rafael Zanatta.
Leia também: