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Capitólio: infiltração de chuvas pode ter causado queda de rocha

Segundo especialistas, ação humana também deve ter contribuído para acidente natural

Capitólio: infiltração de chuvas pode ter causado queda de rocha
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O deslizamento de uma das principais rochas de Capitólio, localizado em Minas Gerais, deixou dez mortos e 32 feridos na tarde de sábado (8.jan). Segundo especialistas ouvidos pelo SBT News, a infiltração de chuvas pode ter ocasionado o incidente, assim como a ausência de mapeamentos geológicos.

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Para o doutor em geologia do Instituto Água Sustentável, Everton de Oliveira, foi possível notar que a pedra em Capitólio já tinha uma fratura vertical "muito longa", o que faciliou a infiltração. "Ali, a água foi se acumulando como em uma esponja, e aquela parte - que caiu - foi ficando mais pesada, perdendo sua estabilidade. O que fez ela despencar, de forma simples, foi a condição natural da rocha junto à chuva."

Assim como Oliveira, o geólogo Gustavo Mello, com experiência em estudos geotécnicos, pontua que o desmoronamento de falésias pode ter sido, inclusive, influenciado pela ação humana. "Essa região, por exemplo, presencia a ação do homem desde 1965, então ela já está muito antropomorfizada [quando há características humanas]. A supressão vegetal na parte superior da escarpa pode ter provocado um maior índice de infiltração na região, fazendo com que esse processo [de infiltração] se acelerasse."

Apesar de ser possível considerar o deslizamento como uma situação de fator natural, Oliveira é categórico ao afirmar que "precisamos distinguir um acidente natural de uma tragédia, caso de Capitólio". "O risco de vidas humanas não pode ser negociável. Em dias chuvosos, o ideal seria restringir o acesso àquele local, tal como um risco emergencial, o que de fato foi alertado pela prefeitura local", diz o doutor.

+ PF prestará auxílio à Polícia Civil de Minas Gerais no caso de Capitólio

Segundo os especialistas, o incidente foi um marco repentino, uma vez que a região não possuía histórico de deslizamentos e situações de risco. O monitoramento da área, no entanto, poderia ter evitado o acidente. 

"Quais são os riscos que envolvem essa área? Essa questão deveria ser, culturalmente, inserida dentro das áreas turísticas, como é o caso de praias que registram a presença de tubarões ou trilhas que ficam escorregadias após períodos chuvosos. Por isso, um estudo mais amplo de todos os tipos de risco que envolvem o local deveria ter sido realizado, bem como mapeamentos geológicos", pontua Mello. 

Tais estudos, de acordo com Oliveira, também auxiliariam na identificação das rochas da região, que podem ser mais propícias a desmoronamentos. "No caso de Capitólio, as rochas são duras, mas estão fraturadas, então quando há queda, cai uma barreira inteira", explica.

Atuação dos guias turísticos

Diante do difícil acesso, grande parte dos passeios ao Canyons de Furnas são realizados por empresas de turismo, que precisam, casualmente, do acompanhamento de profissionais responsáveis pelo estudo da área -- geólogos. 

Segundo Mello, além de informações sobre as principais características da região, como fauna, flora, conhecer o clima também é de suma importância para evitar acidentes do tipo, bem como ter o direcionamento de órgãos públicos. "Você pode ter, eventualmente, acidentes como esse quando o cenário não é analisado, mas ter essas informações auxilia na garantia de segurança dos turistas."

+ Onde fica Capitólio, o destino turístico palco da tragédia

Tal como Mello, Oliveira defende que as prefeituras precisam gerar manuais baseados em atuações de geólogos e geotécnicos, que vão definir quais são as áreas de maiores riscos. Além disso, o fornecimento de cartas meteorológicas podem auxiliar na prevenção de acidentes.

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