Ministério chinês diz se opor "a tentativa de politizar o vírus"
Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês reagiu a declarações de Bolsonaro
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Em resposta às declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que insinuou que o novo coronavírus poderia ter sido fabricado em um laboratório da China, o porta-voz do Ministério da Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, disse que o governo do país asiático se "opõe firmemente a qualquer tentativa de politizar e estigmatizar o vírus".
Na 4ª feira (5.mai), sem usar a palavra China, Bolsonaro levantou a possibilidade de o novo coronavírus ter sido criado e falou em guerra química. "É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano que ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica ou radiológica. Será que estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Eu não vou dizer para vocês", afirmou o presidente brasileiro. Horas mais tarde, ele negou que tivesse falado da China.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a China foi a nação com o maior crescimento econômico em 2020, tendo aumentado 2,3% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Porém, no começo deste ano, uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) foi a Wuhan, cidade chinesa que registrou o primeiro caso oficial do novo coronavírus no planeta. As investigações concluíram ser "extremamente improvável" que o vírus tenha vazado de algum laboratório da cidade.
Em coletiva de imprensa nesta 5ª, Wang Wenbin foi questionado sobre as declarações e adotou uma saída diplomática. "O vírus é o inimigo comum da humanidade. A missão ugente agora é que todos os países deem as mãos em uma cooperação antipandêmica e se esforcem por uma vitória rápida e completa contra a pandemia. Nós nos opomos firmemente contra qualquer tentativa de politizar e estigmatizar o vírus", declarou.
Outros episódios
Não é a primeira vez que a China é acusada por pessoas ligadas ao governo brasileiro de ter inventando o coronavírus. No mês passado, sem saber que estava em uma transmissão ao vivo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que "o chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva do que a americana".
Na ocasião, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, reagiu e ressaltou que o país asiático "é o principal fornecedor de vacinas e insumos ao Brasil" e que a CoronaVac -- imunizante feito pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac -- "representa 84% das vacinas aplicadas no Brasil". Guedes pediu desculpas por ter usado uma "imagem infeliz" ao referir-se aos chineses e se disse grato à China por ter disponibilizado o imunizante -- que, aliás, ele recebeu.