Ciro Gomes diz que campanha por voto útil é "um equívoco trágico"
Candidato chama estratégia para decidir eleições no 1º turno de "estelionato eleitoral" e critica polarização
O candidato à presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, afirmou neste sábado (24.set) que a campanha para o voto útil, defendido por integrantes da cúpula do PT e pelo próprio candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, na tentativa de vencer as eleições já no primeiro turno, é "um equívoco trágico". O petista lidera todas as principais pesquisas de intenção de voto e tem afirmado que a estratégia de decidir o pleito no dia 2 de outubro é uma forma de defender a democracia.
"É um equívoco trágico. O que ganha vai considerar que ganhou por si e não vai ter que dar satisfação pra ninguém. Quem gosta disso são os autoritários e os corruptos. Isso é um equívoco absolutamente trágico para o Brasil", repetiu Ciro Gomes.
O pedetista criticou a polarização entre Lula e o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), chamou atenção para a importância das campanhas, onde os candidatos têm as mesmas condições na disputa e pediu uma chance ao eleitor.
"A minha responsabilidade não é derrotar o fascismo hoje e amanhã a gente ter uma terra arrasada. E o Brasil se não entender isso, essa gente está produzindo involuntariamente o maior estelionato eleitoral da história", enfatizou.
Repetiu que o eleitor não deve escolher entre o "menos corrupto", em referência aos dois principais candidatos mais bem colocados na disputa.
"Porque um é desastrado criador de caso, grosseiro, fascista, como o Bolsonaro. E o outro? Existiria o Bolsonaro? Eu queria perguntar pro Lula. Existiria o Bolsonaro se não fosse a gravíssima crise econômica e a gravíssima generalizada crise de corrupção e ladroeira generalizada que o Lula produziu no Brasil? Bolsonaro é produto disso" indagou o candidato.
Em resposta à afirmação de Lula que na última 5ª feira (22.set) em entrevista ao apresentador Carlos Massa, no Candidatos com Ratinho, disse que Ciro "está surtando", o pedetista afirmou que o ex-presidente tem atacado Bolsonaro e seus filhos, sobre a compra de imóveis com dinheiro em espécie, mas não explica a origem do crescimento de seu patrimônio.
"Uma coisa mais comum quando a pessoa não tem como responder a carta, é atacar o carteiro. Então veja, se eu estou surtando, ok então a motivação seria essa. Agora se eu digo que o Lula é um corrupto, é uma coisa muito grave. O Lula tem um patrimônio pessoal seu na pessoa física e da instituição que ele controla 99,9%, de mais de R$ 20 milhões de reais. Obteve todo esse patrimônio na constância da presidência da República, ao longo, e na sequência dele. Nada antes e nem nada depois. Os filhos do Lula ficaram milionários. Percebe isso? Isso é que ele chama de surtar", afirmou Ciro.
Encontro com delegados
As afirmações foram feitas na manhã deste sábado (24.set) enquanto Ciro cumpria agenda de campanha em São Paulo. O candidato se reuniu com dirigentes da Associação dos Delegados da Polícia Federal. Na reunião que durou cerca de 50 minutos, ouviu reivindicações e pedidos da categoria. O candidato prometeu investimentos no setor, que atualmente conta com um efetivo de 11.600 homens. "lhes falta gestão, lhes falta orçamento, lhes falta efetivo e lhes falta tecnologia disponível para eles poderem exercitar plenamente", reconheceu.
No tocante à corrupção, Ciro afirmou que vai dar "radical autonomia à polícia". "Porque eu não tenho nada pra esconder e eu não tenho nenhum interesse espúrio para proteger", disse. Ainda defendeu uma reforma na atual legislação de combate à lavagem de dinheiro, e rigor no que chamou de "legislação de segregação prisional" em referência aos chefes das organizações criminosas, que atualmente são mantidos em presídios federais de segurança máxima.
O presidenciável ponderou que é preciso filtrar as comunicações, inclusive para os advogados. "Porque é por aí que o comando do crime de dentro das cadeias ainda está dando as cartas", disse Ciro.