"Oi, eu sou do IBGE": força-tarefa do censo vai a locais de difícil acesso
Levantamento da população quer coletar dados de pelo menos 96% de moradores de comunidades

Flávia Travassos
"Oi, eu sou do IBGE!". É com essa frase que os recenseadores chegam aos milhões de lares para coletar dados para o censo demográfico. Mas a tarefa não é fácil: além da dimensão continental do país, há localidades de difícil acesso.
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Com isso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deu início à uma força-tarefa, no sábado (25.mar), para alcançar pelo menos 96% dos moradores de comunidades e favelas do Brasil.
O esforço será grande, já que a frase que abriu essa reportagem vem acompanhada de uma resposta indesejada, com negativas dos moradores ou para que os pesquisadores voltem mais tarde. Outros, por outro lado, recebem com alegria, como o analista comercial William Soares. "Acho que é legal pro Brasil inteiro ter uma noção assim de quem tem ?submorador? por aí, né?".
O trabalho é feito em conjunto com a Central Única das Favelas (CUFA) e o DataFavela, instituto que levanta dados em mais de 13 mil comunidades no país. As informações são fundamentais, já que são nas favelas que estão boa parte dos brasileiros que mais necessitam de políticas públicas, muitas vezes ? ou sempre ? direcionadas pelo censo.
Em São Paulo, os mais de 200 mil moradores da maior favela da cidade enfrentam várias dificuldades. Mas são esses pelo menos 95% desses 200 mil que fornecerão informações como a quantidade de moradores na casa, a renda de cada pessoa, entre outros dados.
Com a força-tarefa, o exercício vai se deparar justamente com essas dificuldades, já que muitos trabalhadores passam até 12 horas fora de casa e não estão em suas casas quando o pesquisador chega.
Além de São Paulo, a ação teve início na Bahia, Goiás, Pará, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Segundo o IBGE, 6,2% dos brasileiros ainda não responderam a pesquisa. Nas favelas, o número chega a 8,5%. No Rio de Janeiro, 9% dos moradores das comunidades ainda precisam responder o questionário.
A Ministra do Planejamento Simone Tebet, que esteve no lançamento da ação na favela de Heliópolis, zona sul da capital paulista, considera a ação com um "abrir de portas para uma vida melhor" para que o dinheiro público seja destinado aos lugares certos. É o que esperam e pensam milhares de moradores: que o investimento cheue a regiões que, muitas vezes, são esquecidas.