Brasil registra aumento de 124% no número de trabalhadores resgatados
Número é muito maior considerando o mesmo período de 2022

Guilherme Fadanelli
Os três primeiros meses do ano foram marcados por dezenas de denúncias e de resgates de trabalhadores em condições semelhantes à escravidão. A quantidade de crimes do tipo é um reflexo do aumento de 124% no número de pessoas resgatadas quando comparado a 2022.
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Em Goiás, estado com o maior número de ocorrências, 13 foram resgatados de uma situação degradante em uma fábrica de ração animal em Acreúna. Os trabalhadores dormiam no chão, em pedaços de espumas em meio ao lixo, e não tinham registro em carteira, muito menos regularidade de pagamento de salário.
No Mato Grosso do Sul, em Corumbá, cinco foram resgatados de uma fazenda. No interior de São Paulo, um trabalhador de 60 anos foi encontrado em um casebre. As vítimas fazem parte dos 926 resgatados somente neste primeiro trimestre. É o maior número nos últimos 15 anos, sendo que 365 foram registrados em Goiás.
O Rio Grande do Sul aparece na sequência, com 293 pessoas vítimas de condições análogas à escravidão. Destes, 207 foram resgatados em vinícolas de Bento Gonçalves. Já em Uruguaiana, 85 homens foram libertados de lavouras de arroz.
Apesar do aumento considerável no número de operações e resgates, a quantidade de auditores pode ser insuficiente, já que 1,5 mil cargos estão vagos, segundo Italvar Medina, vice-coordenador Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho. Com poucos fiscalizadores, os empregadores se sentem mais confortáveis para descumprir a legislação e cometer o crime.
Para as autoridades, as medidas necessárias pra combater a situação é aumentar a pena mínima, que é de dois a oito anos de reclusão, além da contratação de mais auditores. O trabalho análogo à escravidão é previsto nas situações de trabalho forçado, jornada exaustiva, servidão por dívidas e trabalho em condições degradantes.