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Política

Lula se reúne com Mauro Vieira em meio à crise com os EUA

Reunião com chanceler definiu detalhes da ida de Lula ao Chile. Viagem é planejada sob impacto da crise com o governo Trump

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O presidente Lula e o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira no Palácio do Itamaraty | Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Em meio à tensão diplomática com os Estados Unidos (EUA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste sábado (19) com o chanceler Mauro Vieira no Palácio da Alvorada. O encontro, que durou quase duas horas, foi dedicado à preparação da viagem presidencial ao Chile, onde Lula participa, nesta segunda-feira (21), de uma cúpula internacional sobre democracia.

Mas o contexto da conversa vai muito além da pauta oficial. A reunião aconteceu logo após um movimento polêmico vindo da Casa Branca. O governo Trump revogou os vistos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Alexandre de Moraes. A retaliação veio poucas horas depois de Moraes determinar que Jair Bolsonaro use tornozeleira eletrônica, não deixe o país, nem fale com governos estrangeiros ou até com o próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

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O secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio, usou as redes para acusar o STF de “perseguição” e “censura”. Já Lula, também pelas redes sociais, saiu em defesa dos ministros. O presidente disse que a atitude americana foi “arbitrária e sem fundamento” e reforçou que o Judiciário brasileiro precisa atuar com autonomia, sem ser pressionado nem de dentro, nem de fora do País.

A crise coloca Lula num ponto de equilíbrio delicado. De um lado, precisa manter firmeza frente às críticas dos EUA e defender a integridade do Judiciário. De outro, tenta conter o impacto comercial que pode vir da tarifa de 50% que os americanos querem aplicar sobre exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. A negociação também está nas mãos de Mauro Vieira e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.

A viagem ao Chile, portanto, ganha peso político. Ao lado de lideranças como Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (Uruguai) e Pedro Sánchez (Espanha), Lula pode usar o encontro para denunciar o que vê como perseguição internacional contra o Judiciário e proteger o STF, ao mesmo tempo em que tenta preservar as relações econômicas com o principal parceiro comercial do Brasil no continente.

O cenário pode criar um ambiente favorável para Lula, mas há um risco embutido. A reunião também pode ser vista como "lenha na fogueira", alimentando ainda mais a tensão com a Casa Branca, principalmente se o tom das falas ultrapassar o campo diplomático e partir para o embate direto.

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