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Jornalismo

Relembre as falas de Bolsonaro sobre a Covid-19 e vacinação

Ex-presidente questionou eficácia de vacinas, chamou vírus de "gripezinha" e disse que não era coveiro

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Jair Bolsonaro
• Atualizado em
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No dia em que foi alvo da Operação Venire da Polícia Federal (PF) que tem como foco a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu que não tomou a vacina contra a doença, mas sobre suposta fraude no cartão de vacinação negou qualquer adulteração no documento. 

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"Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso", disse na manhã desta 4ª feira (3.mai). 

O ex-mandatário repetiu em vários momentos, no comando do Planalto e fora dele, que as vacinas não garantiam imunidade contra a covid-19, e mais, que os imunizantes poderiam trazer riscos à população. Bolsonaro colecionou falas contrárias à eficácia da vacina contra o coronavírus e minimizou os impactos da pandemia. Segundo especialistas além de provocar impacto na adesão da população à vacinação, as declarações podem ter contribuído para o alto número de óbitos no país. 

Enquanto esteve na presidência, Bolsonaro defendeu o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no enfrentamento à pandemia, mesmo com estudos comprovando a ineficácia dos medicamentos. O ex-mandatário mudou a postura ao longo do agravamento da crise sanitária, recuou em algumas declarações e chegou a insinuar que havia sido mal interpretrado, no entanto, sempre que teve a oportunidade minimizou os impactos da covid-19.

No levantamento mais recente, divulgado nesta 3ª feira (2.mai), o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) calculou que a pandemia do novo coronavírus no Brasil já contabiliza 37.487.971 casos confirmados e 701.833 mortes pela Covid-19.

Relembre as principais declarações de Bolsonaro:

GRIPEZINHA
março de 2020

Em pronunciamento oficial, transmitido via rádio e TV para todo o país, em 24 de março de 2020, Bolsonaro afirmou que tinha histórico de atleta e que não se preocuparia se pegasse o vírus. A comparação foi feita em repercussão a um vídeo antigo do médico Drauzio Varella, feito antes da chegada do vírus ao país. 

"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como disse aquele famoso médico daquela famosa televisão. Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para a doença", afirmou o então presidente.

+ CPI sobre fala de Bolsonaro: "Inflexão vem com atraso fatal e doloroso"

NÃO SOU COVEIRO
abril de 2020

Em 20 de abril de 2020, ao responder à pergunta de um jornalista sobre o número de mortes por coronavírus no país, o então presidente Jair Bolsonaro afirmou que não era "coveiro".

O repórter indagou: "Presidente, hoje tivemos mais de 300 mortes [são 113; depois de divulgar, o Ministério da Saúde corrigiu]. Quantas mortes o senhor acha que...", perguntava ao ser interrompido por Bolsonaro.

"Ô, cara, quem fala de... Eu não sou coveiro, tá certo?", insistiu Bolsonaro.

O repórter, então, tentou fazer novamente a pergunta e Bolsonaro repetiu: "Não sou coveiro, tá?", cortado mais uma vez pelo então mandatário.

VIRAR JACARÉ
dezembro de 2020

Em declaração sobre os possíveis efeitos colaterais das vacinas contra o coronavírus, tomando como exemplo a da Pfizer/BioNtec, Bolsonaro disse que não há garantia de que o imunizante não transformará quem a tomar em "um jacaré".

"Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu", disse.

"Se você virar um jacaré, problema de você. Se você virar super-homem, se nascer barba em alguma mulher aí ou algum homem começar a falar fino, eles não vão ter nada a ver com isso. O que é pior: mexer no sistema imunológico das pessoas. Como é que você pode obrigar alguém a tomar uma vacina que não se completou a 3ª fase ainda, que está na experimental?", concluiu na ocasião.

OBRIGATORIEDADE DA VACINA
outubro de 2020

Bolsonaro também questionou a obrigatoriedade da vacina, em várias oportunidades. Chegou a dizer que: "Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina".

No mês de outubro, no primeiro ano de pandemia, ele citou leis e admitiu contrariar o ordenamento jurídico. 

"Apesar do art. 3º, inciso III, letra "d", da Lei 13.979/20 prever que o poder público poderá determinar a realização compulsória da vacinação, o Governo do Brasil não vê a necessidade de adotar tais medidas nem recomendará sua adoção por gestores locais", disse o então presidente.

Bolsonaro afirmou que o imunizante seria oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas repetiu e deixou claro que não obrigaria ninguém a tomar a vacina.

"O Ministério da Saúde irá oferecer a vacinação, de forma segura, sem açodamento, no momento oportuno, após comprovação científica e validada pela Anvisa, contudo, sem impor ou tornar a vacinação obrigatória", anunciou Bolsonaro.

Na ocasião, Bolsonaro chegou a citar o cachorro da família: "Vacina obrigatória só aqui no Faísca", disse sobre o cão. E repetiu, como um mantra, declarações parecidas contras as vacinas, em clara campanha contrária à adesão ao imunizante.

Além da comparação com o cachorro da família, Bolsonaro chamou o passaporte vacinal, exigido por países na entrada da imigração, de "coleira". 

dezembro de 2021
"Por mim, a vacina é opcional. Eu poderia, como eu posso hoje em dia, partir para uma vacinação obrigatória, mas jamais faria isso porque, apesar de vocês não acreditarem, eu defendo a verdade e a democracia", afirmou. 

"A gente pergunta: por que o passaporte vacinal? Essa coleira que querem botar no povo brasileiro. Cadê nossa liberdade? Prefiro morrer do que perder minha liberdade", disse Bolsonaro, em mais uma declaração contrária a vacinação em 2021.

Após decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a autonomia de estados e municípios em relação ao fechamento de comércio e a exigência do comprovante de vacinação, Bolsonaro subiu o tom:  "O Supremo [Tribunal Federal] deu poderes para governadores e prefeitos, né? Eu falo da minha linha: eu não fechei nenhum botequim. E jamais vou exigir o passaporte de vacina de vocês", garantiu.

VACINA DA COVID E AIDS
outubro de 2021

Em ofensiva contra as vacinas, em uma live semanal no Palácio da Alvorada em 21 de outubro de 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro vinculou a Aids à vacina contra covid-19. A transmissão ao vivo foi retirada do ar, dias depois, pelo Facebook e o Instagram.

Na época o YouTube justificou o bloqueio do vídeo: "por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a Covid-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas".

Na referida live, Bolsonaro leu um recorte de uma notícia do dia: 

"Eu só vou dar a notícia. Não vou comentar porque já disse isso no passado e fui muito criticado. Relatórios oficiais do Governo do Reino Unido sugerem que as pessoas totalmente vacinadas estão desenvolvendo Aids 15 dias depois da segunda dose. Leia essa notícia. Não vou ler aqui porque posso ter problemas com minha transmissão ao vivo", declarou.

A suposta informação oficial, no entanto, se tratava de uma falsa alegação que o Governo britânico desmentiu.

Em outubro de 2021, uma transmissão ao vivo semanal foi retirada do ar, após fake news | Reprodução/SBT
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