Ucrânia acusa Rússia de roubar 600 mil toneladas de grãos
Repórter ucraniano confrontou chanceler russo sobre roubo durante coletiva de imprensa na Turquia
Giovanna Colossi
A Ucrânia acusa a Rússia de roubar cerca de 600 mil toneladas de produtos agrários em meio à crescente preocupação de uma crise alimentar mundial.
Segundo Denys Marchuk, vice-presidente da União Pública do Conselho Agrário da Ucrânia, os grãos foram exportados para a Crimeia, região anexada pela Rússia em 2014, e depois enviadas para a Síria. De acordo com Marchuk, Moscou tem dois objetivos: o primeiro é colocar comida no seus distritos federais não agrários e o segundo é ganhar dinheiro com essas exportações ilegais.
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A denúncia ocorreu no mesmo dia em que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, se reunia com seu equivalente turco Mevlut Cavusoglu, em Ancara, para discutir possíveis acordos envolvendo a abertura de corredores marítimos para a passagem de grãos ucranianos presos em portos sob ocupação russa.
Em coletiva de imprensa após o encontro, Sergey Lavrov foi confrontado por um jornalista ucraniano e questionado sobre "bens roubados" da Ucrânia. Muslim Umerov da Televisão Pública Ucraniana perguntou a Lavrov, "que bens roubados, além dos grãos, a Rússia conseguiu vender até agora?".
Sorrindo, Lavrov disse: "Então você está sempre procurando roubar alguma coisa e acha que todo mundo é igual?" e acrescentou: "Estamos ocupados em alcançar os objetivos que foram anunciados publicamente - libertar o leste da Ucrânia da pressão do regime nazista".
Apesar dos esforços da Turquia e da Organização das Nações Unidas, 22 milhões de toneladas de grãos armazenados em silos nos portos ucranianos continuam presos, sem previsão de serem embarcados.
A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de trigo, milho e óleo de girassol, mas a invasão da Rússia e o bloqueio de seus portos interromperam grande parte desse fluxo, colocando em risco o fornecimento de alimentos para muitos países em desenvolvimento, especialmente na África. Muitos desses portos agora também estão fortemente minados.