Anvisa não está acima de críticas mas ataques são inadmissíveis, diz agência
Autoridade sanitária reagiu às declarações do Instituto Gamaleya, do governo russo

Roseann Kennedy
A Agência Nacional de Vigilância Santitária (Anvisa) afirmou nesta 4ªfeira (5.mai) que não está acima de críticas, mas que não pode admitir ataques e desrespeito ao órgão e aos seus funcionários por ter negado a importação da vacina Sputnik V. Em nota, a agência fez esclarecimentos sobre a decisão e ressaltou que atua para promover a saúde da população.
"O que vem sendo exigido são questões básicas para uma vacina e não são motivos para indignação e tentativa de difamação do Brasil e dos seus servidores", diz trecho da nota. Confira aqui a íntegra.
A declaração ocorre um dia depois de o Consórcio Nordeste, formado pelos governadores da região, protocolar na agência dois novos documentos para embasar uma reavaliação ao pedido de importação do imunizante. O presidente do Consórcio, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), confirmou o pedido de reanálise e também distribuiu o material à imprensa, após reunião na Embaixada da Rússia, em Brasília, com o chanceler Alexey Labetskiy.
Um dos documentos é do Instituto Gamaleya, do governo russo. No texto, o instituto diz que Anvisa não soube ler seu relatório, chegou a conclusões errôneas e que isso causa danos significativos à reputação do centro de pesquisa e do próprio imunizante. Também acusa o gerente geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, de conduta "incorreta e altamente antiprofissional".
Em entrevista ao Poder em Foco no SBT , domingo (2.mai), a diretora da Anvisa Meiruze Freitas, responsável pela área de registro de vacinas, admitiu a frustração por ter negado autorização para o Brasil importar a Sputnik V, da Rússia, mas afirmou que não havia outro caminho. "Vou ser bem honesta, eu preferia que a Anvisa tivesse errado, mas não foi isso", ressaltou.
Ela também disse que a autoridade sanitária faz avaliações técnicas apartadas de pressões políticas. "Quando você tem uma pandemia que ceifa tantas vidas nesse país, isso já é a sua pressão. A pressão é a pandemia. O resto, relacionado às questões políticas, à pressão da mídia social, nós buscamos trabalhar apartados nessa discussão para que não contamine, justamente, a decisão que tem que ser baseada na ciência, nos dados, e em ofertar à população o que é o melhor", concluiu.
Confira a íntegra do documento do Instituto Gamaleya:
Resposta da carta ao Instituto Gamaleya by liscappi on Scribd