Zucco é eleito presidente da CPI do MST, e Salles é designado relator
Comissão Parlamentar de Inquérito foi instalada na Câmara dos Deputados
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do seu real propósito, assim como dos seus financiadores, foi instalada por volta de 14h30, nesta 4ª feira (17.mai), na Câmara dos Deputados. Defendido pelos deputados opositores do Governo Federal e rejeitada pelos governistas, que entendem não haver o que investigar em relação ao MST, o colegiado é presidido pelo autor do requerimento para instalação, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS).
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Os integrantes da CPI o elegeram, após ela ser instalada, em chapa com Kim Kataguiri (União-SP) como primeiro vice-presidente, Delegado Fabio Costa (PP-AL) como segundo vice-presidente e Evair de Melo (PP-ES) como terceiro vice. Foram 16 votos válidos e apenas um em branco. A votação é secreta, e não houve outra chapa concorrendo.
O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) foi designado relator pelo presidente. A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) apresentou questão de ordem para que Salles não pudesse ser escolhido. Ela argumentou que ele tem interesses diretamente relacionados ao conteúdo da matéria, pois é investigado pelos crimes de corrupção, prevaricação, advocacia administrativa e organização criminosa, suspeito de ser envolvido num grave esquema de conluio entre agentes públicos brasileiros e particulares no Brasil e nos Estados Unidos com intuito de legalizar madeiras brasileiras de origem ilegal.
Ainda de acordo com Sâmia, ele tem interesse econômico relacionado à pauta e, em 2018, quando foi candidato a deputado federal, fez campanha baseada na criminalização do MST e dizia que as pessoas deveriam fuzilar os militantes deste. "Quer criminalizar um movimento social também, sendo que ele praticamente já tem um relatório pronto. Nas declarações que deu à imprensa, já tem uma série de conclusões sobre o que é o MST. Já disse inclusive que eles devem ser criminalizados, nem começou a fazer o inquérito", afirmou a deputada.
O objetivo da CPI, de acordo com ela, "é tentar tirar a atenção dos verdadeiros crimes que foram cometidos no nosso país. Na tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro. Na rachadinha do gabinete dos filhos do Bolsonaro". O Tenente-Coronel Zucco, entretanto, indeferiu a questão de ordem.
Posteriormente, houve um bate-boca entre Sâmia e o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL-PA), porque este disse que o MST "não é um grupo de pessoas que querem o bem desse país". É, em suas palavras, "um grupo de desocupados". Além disso, ele acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ser ladrão. "Você responde pelo crime de tortura, meu senhor. Vem falar de um movimento social?!", rebateu Sâmia.
A CPI tem prazo inicial de 120 dias para concluir seus trabalhos, começando em 18 de maio. A próxima reunião será destinada à apresentação pelo relator do plano de trabalho e deliberação de requerimentos.
"Quando eu fui indicado para presidir essa CPI, resolvi aceitar a missão em respeito a quem coloca comida em nosso prato. Se hoje podemos tomar café, almoçar e jantar é porque lá no campo está o produtor rural", afirmou Zucco. Conforme ele, todos os produtores cumprem "uma função imprescindível para o funcionamento da nossa sociedade". "São esses homens e mulheres que garantem a segurança alimentar desta e outras nações ao redor do planeta".
Ainda de acordo com o deputado, o produtor já tem muito com o que se preocupar, como a necessidade de financiamento, a chuva que não chega e o temor de ter sua propriedade invadida e vandalizada. "Um problema que estava superado agora volta a atormentar o produtor rural. Pelo menos é o que temos visto e testemunhado nos últimos cinco meses e meio. Essa CPI nasce com a missão de devolver paz ao campo, a partir de uma premissa básica: o cumprimento da lei e o estabelecimento da ordem", pontuou.
O colegiado, ressaltou, será pautado pelo "absoluto cumprimento das leis e do regimento interno". "Não esperem de nós qualquer espécie de perseguição ou revanchismo", complementou. O discurso foi aplaudido. Salles, por sua vez, disse que a CPI fará um trabalho técnico, objetivo, com "o máximo de imparcialidade". Ele e Zucco fazem parte da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
As reuniões da comissão serão convocadas preferencialmente para as terças-feiras, às 14h30, e quintas-feiras, às 9h30.
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