Covid-19: risco de contágio é duas vezes superior entre os mais pobres

Um estudo publicado na revista científica "The Lancet", nesta quarta-feira (23), mostra que os brasileiros mais pobres e de etnia indígena estão mais vulneráveis a serem infectados pelo novo coronavírus. O trabalho foi conduzido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e faz parte da pesquisa Epicovid-19, financiada pelo Ministério da Saúde (MS) para avaliar o avanço da pandemia.

No total, os pesquisadores fizeram entrevistas e testes rápidos para a doença com 56.190 pessoas, espalhadas por todos os estados do país e pelo Distrito Federal. As abordagens ocorreram em duas etapas, com a primeira entre os dias 14 e 21 de maio, e a segunda, entre 4 e 7 de junho. 

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Os resultados apontam que a chance dos 20% mais pobres da população serem contaminados pela Covid-19 é mais de duas vezes superior à dos 20% mais ricos. Entre os indígenas, a prevalência de anticorpos contra a doença foi quatro vezes mais frequente do que entre os brancos. Segundo o levantamento, esse último fator "é amplamente explicado pela região geográfica, tamanho da família e status socioeconômico".

Ainda em relação aos indígenas, os pesquisadores afirmam que o risco de morte pelo novo coronavírus deve aumentar por causa do crescimento de casos de pessoas com doenças metabólicas e cardiovasculares.

Outra constatação feita pelo estudo é que apenas um em cada dez casos da Covid-19 no país entraram para as estatísticas oficiais, de modo que a taxa de letalidade encontrada foi menor do que a divulgada pelo Ministério da Saúde na época.

Dois meninos andam de bicicleta em via tomada por lama e poças, em meio a comunidade
(créditos: Reprodução/Agência Brasil)