Polícia

Roubos e furtos de caminheiros: 8 em cada 10 motoristas são feitos reféns em SP


Motoristas relatam sequestros e violência nas estradas; estado de São Paulo concentra mais da metade dos casos registrados no país

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Um levantamento feito pela produção do SBT revela que os roubos de cargas tem intensificado a insegurança entre os caminhoneiros.

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O estado de São Paulo concentra mais da metade das ocorrências registradas no país: foram quase 3 mil roubos e furtos entre janeiro e setembro. Em oito de cada dez ocorrências, o motorista é mantido refém.

Em um vídeo, que circula nas redes sociais, um motorista tenta se livrar de um ladrão que, aproveitando a baixa velocidade do caminhão, tenta entrar na cabine. A voz que se ouve na gravação é de José Teodoro, caminhoneiro há 11 anos. Ele já foi vítima de quatro assaltos e, em uma das vezes, foi feito refém no Rodoanel, próximo à saída da Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo ao litoral do estado.

“A gente estava fazendo o transporte de uma carga e foi abordado por cinco pessoas. Fizeram a gente subir o morro e ficamos reféns naquele dia. Levaram celulares e pertences. Queriam levar o caminhão? Queriam, mas o rastreamento impediu”, contou José.
“No primeiro momento, a gente pensa na família. Não pensa em morrer, mas em quem vai deixar. Meu filho recém-nascido veio na cabeça. É só família mesmo”, desabafa.

O medo de José é o mesmo de tantos outros profissionais que transportam as riquezas do país pelas estradas. Marcelo Borges da Silva, caminhoneiro há 20 anos, conta que já passou por momentos de terror durante o trabalho.

“Você nunca sabe quando vai ser abordado. Às vezes para num posto que parece seguro e, de repente, alguém aparece e faz alguma coisa com você”, diz. “Tem dias em que dá tudo certo, mas a gente vai e volta em pânico. É assim que é a vida na estrada”, completa.

Outro exemplo recente aconteceu nesta quarta-feira (12) também no Rodoanel, em São Paulo. Segundo o motorista, ele foi abordado por criminosos e obrigado a atravessar a carreta na pista, bloqueando o trânsito por horas. Quando a polícia chegou, ele afirmou que os bandidos haviam amarrado uma bomba ao seu corpo. No fim, descobriu-se que o artefato era falso. O caso está sendo investigado.

De acordo com Paulo Buriti, especialista em segurança e logística, as cargas mais cobiçadas pelos criminosos são as de eletroeletrônicos e as ligadas ao comércio eletrônico. “Esses produtos têm alto valor agregado e são mais fáceis de revender depois do crime”, explica.

Ele destaca que a tecnologia é uma aliada importante para empresas e motoristas. O uso de rastreadores via satélite, por exemplo, é recomendado, assim como sistemas de telemetria veicular e equipamentos conhecidos como “isca de carga”.

“A telemetria analisa todos os dados do veículo — velocidade, consumo — e ajuda a detectar comportamentos suspeitos. Já a isca de carga é um rastreador colocado junto com a mercadoria, que facilita a recuperação do produto após o roubo”, detalha.

Mesmo com o apoio da tecnologia, são muitos os casos em que as quadrilhas recebem informações de funcionários das próprias transportadoras, aliciados pelo crime organizado.

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